4/14/2008

Blogueiros de gema

Há dias, através do indispensável Bandeira ao Vento, cheguei a outro blog cuja autora tinha sido convidada para este debate. Ainda não li o livro que o motivou e por isso é bem provável que este comentário seja completamente descabido. No contexto do mencionado debate, obviamente: neste blogue fica bem tudo o que fica.

A noticia do debate e do livro fez-me lembrar que eu gosto de pensar que os bons blogues têm os seus antecedentes na tradição. Karl Kraus, Joseph du Maistre, Charles Baudelaire ou Fialho de Almeida, poderiam ter sido - aliás, foram - excelentes blogueiros. Da mesma forma que, a brincar, também imagino que Richard Wagner, se tivesse nascido cem anos depois, teria sido um excelente realizador de cinema, mas não, de todo, um bom blogueiro, porque era demasiado chato. Claro que reparo em que a minha vaga ideia de "bom blogue" está moldada pelo que aprendi lendo autores como os citados ou outros que os copiaram, ou que eles copiaram.

Ultimamente tenho regressado aos jornais dos primeiros anos do século XX, à procura da actividade crítica de um dandy melómano de origem riojana, Miguel Salvador. O trabalho de hemeroteca é sempre maravilhoso, intoxicante. Leva-nos para um quotidiano longínquo e, contudo, inteligível. Andei a ver o ano de 1911, repleto de referências aos acontecimentos portugueses relatados através de episódios protagonizados, entre outros muitos, por suspeitos anarquistas apanhados em comboios e por militares de baixa patente insolentes... Magnífico. Não era, porém, isto o que pretendia contar, mas quanto apreciei a leitura da coluna "Filosofia Barata", onde se comentava tudo e nada e, fundamentalmente, a silly season, num estilo que seria possível qualificar de "blogueiro" sem ter de pedir desculpa pelo anacronismo.

Até o título foi já usado na blogosfera: filosofiabarata.blogspot.com.