Parece que o Ópera e demais Interesses não está a prestar grande atenção ao Festival de Salzburgo. Em parte, até se percebe, porque a presente edição tem sido descrita como a do ano da crise. Eu, porém, hoje que vou embora, já estou com vontade de poder regressar em Agosto de 2010. Prometo voltar ao blog para contar as razões que explicam esta expectativa.
Por enquanto, vou apenas explicar o link ao meu vizinho de blogosfera e à sua animada tertúlia, adiantando que o Così de Claus Guth não foi o que esperava. O comentário vem no seguimento da conversa de 2008 a propósito do seu Don Giovanni, que muito me entusiasmou. Depois da sua brilhante versão de Le Nozze (que também foi programada este ano) e desse alucinante Don Giovanni, parece que o Così deveria ter sido outra coisa... Deu-me a impressão de que, para alguém que, como Guth, sabe desvelar com subtileza o que está oculto ou latente, deve ser difícil lidar com uma obra que, precisamente, traz à superfície o que deveria estar escondido.
Espero voltar ao assunto nestes dias. Agora tenho de apanhar o avião.
8/19/2009
8/10/2009
Peter Evans em Jazz em Agosto
Como se faz uma crítica a um concerto de jazz? Na realidade, a questão que me coloco é mais esta: quais são as palavras que alguém que costuma fazer crítica de concertos de música erudita deve escolher para descrever e comentar a experiência de um concerto de jazz? A necessidade e a dúvida surgiram depois de um dos concertos do festival Jazz em Agosto, o recital a solo de Peter Evans do passado dia 7. O jovem trompetista era uma das estrelas programadas por Rui Neves. O seu recital suscitou a curiosidade dos interessados no género e julgo que esteve à altura do que se esperava. Admirou-me a proximidade do seu universo com aquele que costumo frequentar. Afinal, aquilo a que assisti se enquadrou na mais pura tradição musical romântica, mais específicamente no virtuosismo e na sua procura do transcendente através do som. O domínio técnico do instrumento estava alí, com a sua vertente quase diria atletica. Estava igualmente o impacto sonoro e a vertigem, sempre emocionante, da improvisação. Mas também vivimos o drama, o nascimento e extinção de uma poesia cujo impacto foi muito para além do meramente espectacular. Pergunto-me se o público de Liszt sentiria algo muito diferente durante os seus recitais.
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