4/28/2008

Bonita por fora e por dentro


Foto: Johannes Ifkovits

O trabalho acumula-se. Por isso não tenho dito nada. Nem sequer do Fidelio de Abbado em Madrid, nem do Tannhäuser de Carsen em Barcelona. Mas sim vou referir Angela Denoke, a quem entrevistei há dias para Audio Clásica. Editei a nossa conversa telefónica durante este fim de semana e ainda estou bem disposta por causa da sua frescura e da sua simpatia. A soprano alemã será em Junho Emilia Marton, protagonista do Caso Makropulos que será apresentado no Teatro Real de Madrid. As críticas parisienses (estreiou-se na obra há um ano, na Ópera Nacional de Paris) foram óptimas, como era de esperar. Recentemente, no início da presente temporada, tive a sorte de a admirar no papel de Chrisotemis. Foi no Palacio Euskalduna, em Bilbau. A voz de Angela Denoke é uma combinação perfeita de dramatismo e beleza. Citando Birgit Nilsson, acha que levar um bom par de sapatos confortáveis em palco assegura a metade do sucesso, mas ela prefere cantar descalça.

4/23/2008

Franck Ollu dixit

Porto se ha convertido en referente de la música en Europa.

Nunes es uno de los más importantes compositores del mundo y su música se interpreta muy a menudo. Es un hombre muy interesante, y aunque sea portugués tiene una proyección universal; ha sido profesor en el Conservatorio de París durante muchos años. Es una personalidad muy carismática y de un fuerte carácter, lo cual se proyecta en su música, que es muy poderosa.

Bien, la verdad es que cuando creas un proyecto del calibre de esta Casa da Música es muy importante involucrar no sólo a la ciudad, sino a todo el país.

aquí

4/20/2008

Duas pelo preço de uma

Por causa da recente estreia na Fundação Calouste Gulbenkian do concerto para percussão de John Corigliano, pensei que talvez tivesse algum interesse lembrar esta entrevista que lhe fiz ao compositor americano no passado mês de Julho. Pelo mesmo preço, os amáveis visitantes deste blog julgarão, se calhar, igualmente interessante esta outra, com o maestro Franck Ollu. Foi realizada por Paco Yáñez na Casa da Música do Porto.

(Paco, me alegro mucho de verte recuperado y de poder leerte de nuevo).

4/18/2008

Tomem nota



E não o esqueçam: Lionel Bringuier. Por várias razões. Uma delas é esta:

« Je ne suis pas là pour faire mon numéro, mais pour faire de la musique. Je ne suis pas tendu par un stress négatif, car je suis heureux de diriger. »

Acaba de passar por Lisboa, onde tem dirigido a Orquestra Gulbenkian interpretando obras de Tchaikovsky, Corigliano e Stravinsky.

Corigliano rocks



Conjurer foi estreado esta semana em Lisboa pela extraordinária percussionista escocessa Evelyn Glennie e pelas cordas da Orquestra Gulbenkian. Magnífico, simplesmente. Que liberdade. Vou fazer a crónica para Mundo Clásico: o post é só para o assinalar.

4/14/2008

Blogueiros de gema

Há dias, através do indispensável Bandeira ao Vento, cheguei a outro blog cuja autora tinha sido convidada para este debate. Ainda não li o livro que o motivou e por isso é bem provável que este comentário seja completamente descabido. No contexto do mencionado debate, obviamente: neste blogue fica bem tudo o que fica.

A noticia do debate e do livro fez-me lembrar que eu gosto de pensar que os bons blogues têm os seus antecedentes na tradição. Karl Kraus, Joseph du Maistre, Charles Baudelaire ou Fialho de Almeida, poderiam ter sido - aliás, foram - excelentes blogueiros. Da mesma forma que, a brincar, também imagino que Richard Wagner, se tivesse nascido cem anos depois, teria sido um excelente realizador de cinema, mas não, de todo, um bom blogueiro, porque era demasiado chato. Claro que reparo em que a minha vaga ideia de "bom blogue" está moldada pelo que aprendi lendo autores como os citados ou outros que os copiaram, ou que eles copiaram.

Ultimamente tenho regressado aos jornais dos primeiros anos do século XX, à procura da actividade crítica de um dandy melómano de origem riojana, Miguel Salvador. O trabalho de hemeroteca é sempre maravilhoso, intoxicante. Leva-nos para um quotidiano longínquo e, contudo, inteligível. Andei a ver o ano de 1911, repleto de referências aos acontecimentos portugueses relatados através de episódios protagonizados, entre outros muitos, por suspeitos anarquistas apanhados em comboios e por militares de baixa patente insolentes... Magnífico. Não era, porém, isto o que pretendia contar, mas quanto apreciei a leitura da coluna "Filosofia Barata", onde se comentava tudo e nada e, fundamentalmente, a silly season, num estilo que seria possível qualificar de "blogueiro" sem ter de pedir desculpa pelo anacronismo.

Até o título foi já usado na blogosfera: filosofiabarata.blogspot.com.

4/08/2008

Gracias a Karajan

Este post era, inicialmente, continuación del anterior. Hablaba yo del exagerado espacio ocupado por Karajan, lo que, naturalmente, me llevaba a considerar los numerosos directores a los que hizo sombra su siempre bien iluminada figura. Se me ocurrió dedicarlo a Erich Kleiber porque no renovó su contrato con la Deutsche Staatsoper en 1935 para evitar someterse a la política nazi. Y porque es el director de mi versión preferida de la Quinta de Beethoven. Y porque se enamoró de su mujer, Ruth Goodrich, cuando, a la pregunta, «¿Aún no te has casado?», ella contestó «¡Oh, no, prefiero vivir a la carta» (esto lo contó con más detalle Ángel Mayo, en un artículo excelente dedicado a los dos Kleiber, Erich y Carlos).

Se le puede ver en youtube, precisamente al frente de la orquesta de la Ópera de Berlín en 1932. Es irónico que la obra en cuestión sea El Danubio Azul. También es sumamente elegante y, bien pensado, bastante trágico.

Bien, el caso es que el post acabó quedándose a medias. Pero gracias a él (y, por lo tanto, gracias a Karajan), me encontré con un interesante blog argentino donde, sin dejar de elogiar al director alemán, se recuerda, entre otros maestros, a Kleiber padre. Quien lo mantiene, además, reproduce varias críticas magistrales publicadas en el Buenos Aires de los años 50 y firmadas por Jorge d'Urbano, a quien yo no conocía. Ésta, de 1959, dedicada al pianista Daniel Barenboim es ejemplar. Se llama La Danse de Puck y creo que vale la pena visitarlo.

Karajan, 100 anos e alguns dias



Incomoda-me o espaço exagerado que Herbert von Karajan ocupou nos media até ao seu falecimento. Portanto, podem deduzir facilmente o que acho acerca da comemoração do seu centenário. Suponho que é evidente que, apesar do que acabo de escrever, me interessa qualquer aproximação da sua figura e do seu percurso artístico que, para além do gosto/não gosto, a avalie no contexto da ascensão e queda do nazismo, primeiro, e da guerra fria, depois. Não sou, porém, eu quem vai fazê-la.

Agora que acabo de ler o artigo de Norman Lebrecht que o João recomendou no seu blog (e de apreciar a foto que o ilustra), reparei em que, embora a filiação de Karajan com o nazismo não chegasse a estar tingida de sangue, permaneceu notória na sua imagem, inclusivamente na sua marmórea imagem sonora. O seu "narcissismo", do qual se fala por vezes com benevolência babada, manifestou-se também em pormenores arrepiantes. Mas é capaz de ser mania minha.

4/03/2008

Actualidad de Ovidio



Puccini ya está despachado. El material que he utilizado para el artículo, tanto el relacionado con él y con sus óperas, como la información-ganga que me ha deparado el camino, sería suficiente para mantener activo este blog durante meses.

Entre las cosas que se incluyen en la segunda categoría, y que, por lo tanto, no tienen absolutamente nada que ver con el compositor de Lucca, está la noticia de que en la temporada 2010/2011 el Met tiene previsto un Pelléas et Mélisande dirigido por Simon Rattle, con Magdalena Kožená como protagonista. Cuando lo vi, me acordé de que la había escuchado unas semanas antes, vestida por su peor enemigo, en un recital cuyo programa incluía, precisamente, mélodies de Claude Debussy. Me dio la impresión de estar sufriendo una extraña tentativa de metamorfosis - también hay pigmaliones especialistas en el repertorio de finales del XIX y principios de XX - y eso me produjo cierta tristeza. Me vino a la memoria su imagen deslumbrante, cantando bajo la batuta de Paul McCreesh el papel de Paris en uno de los saudosos Concertos em Órbita y fue inevitable hacer la comparación.

En el recital, me dio la impresión de que el fin de siècle pone en evidencia sus limitaciones vocales y gestuales. La música de esa época, por ejemplo, pide, en el fraseado, que se interioricen, manteniéndolas sin dejarlas caer, las largas líneas, el arabesco sin fin. O sea, no tiene nada que ver con la declamación tipo "suspiro entrecortado" típica de la música antigua, donde Magdalena Kožená es particularmente apreciada.

No obstante, ojalá me equivoque y, dentro de tres años, después de verla y escucharla en el Met, pueda escribir en este blog que se ha convertido la Mélisande de nuestros sueños.