4/26/2005

Congresso Centenário Lopes-Graça

O ARTISTA COMO INTELECTUAL: No centenário de Fernando Lopes-Graça

Coimbra, 27 – 29 de Abril de 2006

Congresso Internacional organizado pelo Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra/Grupo de Investigação sobre Correntes Artísticas e Movimentos Intelectuais

APRESENTAÇÃO

O compositor Fernando Lopes-Graça (1906-1994) é uma figura incontornável da cultura portuguesa do século XX. Como compositor, pianista, pedagogo, crítico, ensaísta e, ainda, como organizador de eventos musicais e estudioso da música tradicional portuguesa marcou de forma determinante a actividade musical em Portugal. Fernando Lopes-Graça partiu de premissas estéticas modernistas. Os acontecimentos históricos das décadas de 30 e 40 inscreveram os propósitos modernistas numa consciência social mais aguda e definiram uma posição política clara (foi militante do Partido Comunista Português) e muito interveniente num plano cívico. Assim, Fernando Lopes-Graça deu uma forma peculiar às relações entre as correntes modernistas, a recuperação da tradição e o envolvimento político activo.

Por isso, pretende-se a inserção da sua personalidade, da sua obra e da sua intervenção nos vários contextos a que pertenceu. Uma reflexão em torno de alguns conceitos fundamentais nos discursos artísticos contemporâneos de Lopes-Graça, - nomeadamente em Portugal e no Brasil, mas também em França, o país onde o compositor encontrou algumas das suas principais referências culturais – poderão ser de grande utilidade para a compreensão aprofundada da sua obra.

OBJECTIVOS

O Congresso tem os seguintes objectivos: 1. aprofundar o conhecimento da obra musical, da reflexão teórica e da actividade crítica de Fernando Lopes-Graça; 2. proporcionar um intercâmbio de pesquisas que, numa óptica interdisciplinar, produzam conhecimento novo sobre correntes artísticas e movimentos intelectuais a que Fernando Lopes-Graça se tenha associado; 3. estudar o modo de envolvimento de Fernando Lopes-Graça com movimentos e figuras internacionais.

ÁREAS TEMÁTICAS

O CEIS20 / Grupo de investigação sobre “Correntes artísticas e movimentos intelectuais” convida os investigadores a participar neste Congresso e propõe que as comunicações se situem numa das seguintes áreas temáticas:

1. O artista como intelectual no século XX.

2. O modernismo e as suas definições.

3. Recepção do cânone modernista.

4. Arte erudita vs. «indústria» cultural

5. A tradição e o moderno nos movimentos artísticos e nas concepções estéticas do século XX.

6. Arte e comunismo.

7. Os compositores do «moderate mainstream» (Arnold Whitall) entre ca. 1945 e 1975 e o problema da «inovação».

8. As organizações promovidas por compositores entre ca. 1945 e 1975 e o seu significado político (publicações periódicas, grupos corais, séries de concertos, etc).

9. Usos e significados da música tradicional, da literatura e da forma sonata na composição.

Outras áreas temáticas poderão ser também consideradas, sempre que relacionadas com a figura do compositor.

CONFERENCISTAS CONFIRMADOS

Estão já confirmadas as seguintes presenças: Professora Doutora Jane F. Fulcher (Indiana University), Professor Doutor Michael Walter (Institut für Musikwissenschaft, Karl Franzens Universität Graz), Professor Doutor Rui Vieira Nery (Universidade de Évora)

APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES

As propostas deverão ser enviadas, antes do 31 de Julho de 2005, para o seguinte endereço electrónico: teresa.cascudo@dea.unirioja.es. As comunicações não deverão exceder vinte (20) minutos. Os “abstracts”, com o correspondente título, não deverão ultrapassar as 200 palavras. Deve ser identificada a área temática de cada comunicação. Aceitam-se propostas em Português, em Francês e em Inglês, que serão as línguas do congresso. A indicação de aceitação será feita até 30 de Outubro de 2005.

Coordenação científica: Teresa Cascudo (CEIS20/Universidad de La Rioja), António Pedro Pita (CEIS20/Universidade de Coimbra), Maria de São José Côrte-Real (PhD Columbia University).

Sinais de vida

Ainda sob a impressão da Festa da Música, ando com tanta coisa urgente por acabar que não estou com tempo para escrever no blog. É particularmente irritante porque há algumas coisas que me apetecia comentar. Paciência.

Assim, para, pelo menos, ir dando sinais de vida, vou ficar pela colagem - no seguinte post - do call for papers do congresso dedicado a Lopes-Graça que vamos organizar no CEIS 20 em Abril de 2006.

Estão convidados. Por supuesto!

4/22/2005

Retratos da Festa da Música

Paulo Gaio Lima, sereno e discreto. Admira e aprecia a «vontade de escutar» que têm as pessoas que acorrem à Festa. Lamenta-se do facto de, nos últimos vinte anos, se ter perdido em Lisboa essa qualidade de escuta, que ainda é possível encontrar noutras paragens. Por exemplo, na Turquia. Ali diz ter tido recentemente uma excelente experiência, tocando perante um público empenhado, atento, com as orelhas bem abertas... Ele consegue gerir bem a tensão de tocar ao vivo. Mesmo assim, diz que por vezes sempre fica preocupado até ao momento em que há qualquer passagem que corre menos bem: até que finalmente, agora é que posso continuar a tocar descansado.

François-Frédéric Guy, angustiado. Para este jovem pianista, ainda não foi possível atingir o equilíbrio: como conciliar um desenvolvimento criativo e individual com as necessidades diárias? manter o prazer pelo piano quando se tem contas para pagar, quando não se pode parar por isso? Tocar piano também pode ser uma prisão, sobretudo quando se imagina que apenas é possível fazer isso na vida.

Frank Brealey, pragmático. «Tocar piano é como o casamento. A única diferença é, que, no caso de um casamento não correr bem, é sempre possível tentar com um outro parceiro.»

Jean-Efflam Bavouzet, apaixonado. «Confusão? Qual confusão? É uma aventura.» Há doze anos teve um problema grave na mão direita e esteve quase para abandonar o piano. Não o fez e não se arrepende: «tenho a grande sorte de fazer aquilo de que mais gosto e de ganhar a vida com isso.» Para ele, é possível afirmar que o seu trabalho é também a procura do absoluto, que, por vezes não sabe se é ele a tocar o piano o de se o piano é que está a tocar com ele. Fidelidade absoluta à partitura, fazer com que o compositor se sinta satisfeito. Imaginar que Beethoven, se pudesse escutar a sua interpretação, ficaria contente. Com Boulez aprendeu a interpretar Beethoven, com Stockhausen, Schumann, e com Ohana, Ravel.

Na Festa da Música

Cheguei ao CCB por volta das 11 horas. É surpreendente que, mesmo quase sem público, o ambiente já parecia electrificado no interior do edifício. A primeira imagem é a de João Almeida, do cimo da sua estatura, falando ao telemóvel, e fazendo as vezes de regente do primeiro directo com o qual a Antena 2 fez a sua abertura da Festa. Eu, que participei nele, não posso perceber como é que ninguém consegue manter a cabeça no seu sítio nessas circunstâncias: conversa com cinco pessoas, mais dois jornalistas destacados em outros pontos do CCB e, ainda, pequenas peças previamente gravadas, todos a serem coordenados durante um período mínimo de tempo (mínimo quando comparado com a "durée" ligada à experiência da escrita, a que estou a ter agora, da qual gosto mais). É admirável.

É também admirável observar o entusiasmo com o qual os meios de comunicação colaboram neste acontecimento. Sou suspeita e, obviamente. Só posso ter uma visão parcial disto. É bom poder destacar qualquer coisa diferente dos impostos, das quezílias partidárias, da ameaça de produtos cancerígenos ocultos em frascos e bisnagas que se nos oferecem, aparentemente inofensivos, nas prateleiras dos supermercados.

E é também bom poder escutar a Sinfonia em dó menor, de Beethoven, ao vivo. Mais uma vez. Mil vezes. Elitista? Eurocentrista? Escapista? Pois é. E então?

4/21/2005

13º Encontro de Musicologia (Lisboa)

A Associação Portuguesa de Ciências Musicais (APCM) organiza, nos próximos dias 21 e 22 de Outubro, o 13º Encontro de Musicologia, sujeito ao tema "Os espaços da Música".

Com a escolha deste tema, a APCM pretende promover a investigação e a discussão em torno da ideia de espacialidade sonora e simbólica, quer ao nível da arquitectura e do urbanismo, das consequências da experiência sonora de grupos, quer ao nível das delimitações de espaços e geografias culturais ou individuais através da música. Em simultâneo com a apresentação e discussão de dados, será promovido o debate em torno de aspectos de ordem teórica e conceptual. Em particular, deverão ser postos em relevo os processos que determinaram o uso da música enquanto estabelecimento de delimitações espaciais, sociais e culturais ao longo de séculos. O espaço enquanto traço característico de linguagens musicais, a arquitectura e ideias sobre urbanismo serão igualmente aspectos de relevo a desenvolver, quer no quadro de referências de Portugal, quer no contexto internacional.

O conjunto de sub-temas poderá incluir, entre outros:

- A música nos espaços urbanos.
- A criação de espaços virtuais através da audição.
- As geografias musicais em várias regiões do mundo.
- A música como instrumento para a delimitação e caracterização de espaços públicos.
- As paisagens sonoras.
- Os limites sonoros do público e do privado.
- Personalidades e instituições marcantes para a circulação internacional de ideias.
- A circulação de objectos sonoros e a prática musical.
- Movimentos sociais e o uso da música.
- O nacionalismo musical em Portugal.
- Lisboa, cidade musical.

As propostas de comunicações (vinte minutos) terão uma dimensão máxima de 200 palavras. Devem ser enviadas para apreciação à comissão organizadora até ao dia 15 de Junho de 2005.

Contacto: apcm@fcs.unl.pt

Comissão Organizadora: João Soeiro de Carvalho, Luísa Cymbron e eu própria.

4/19/2005

La música desaparece del catálogo de grados

Las buenas noticias se acumulan. La música se reduce a la mitad en la LOE y, ahora, se rumorea con fundamento que va a desaparecer del catálogo de títulos universitarios de grado (denominación en España del primer ciclo «profesionalizante» que se prevé en el ámbito del Proceso de Bolonia).

La «impronta creadora» también se manifiesta en estas cosas: vamos a ser el único país de la UE que no reconoce que existan salidas profesionales relacionadas con la música y diferentes de la puramente artística (exceptuando Chipre, cuyo único departamento universitario de música es, de hecho, un conservatorio superior). Olé. Eso es personalidad y salero. Viva Operación Triunfo.

Tampoco está todavía clara, a estas alturas, la manera como, a partir de ahora, los Conservatorios Superiores se irán a relacionar con la Universidad. Todavía nos esperan, por lo tanto, más sorpresas.

Einstein, violinista amador

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Do seu primo, o reputado musicólogo Alfred Einstein (n. 1880; f. 1952), não encontrei nenhum retrato, mas posso recomendar algum livro.

4/18/2005

A questão da questão...

... da Casa da Música foi colocada no interessante plasticinina, cuja visita regular se recomenda.

Y luego se extrañan

Está disponible - aquí - el anuario SGAE sobre hábitos de consumo cultural en España.

En la sección sobre música clásica se incluye una relación de las respuestas dadas por los entrevistados cuando se les preguntaba las razones por las que no frecuentaban más conciertos y espectáculos de ópera. Con diversas variantes, la respuesta común es la ignorancia confesada: no sé, no entiendo, es difícil.

La opinión de los autores es que la solución de ese problema pasaría por la programación de obras más accesibles. No me parece que ese tipo de «palpites» - ahora me faltan las palabras en castellano, ¿cómo se diría eso en la lengua de Cervantes? - tengan lugar en un estudio de estas características. No obstante, puestos a analizar, también hubiera sido interesante que se hubieran acordado de la muy pobre formación musical que, a lo largo de generaciones, han recibido - y todavía reciben hoy en día - los españoles en la enseñanza obligatoria.

Los que pertenecen a mi generación - que constituyen ahora mismo una buena parte de los «consumidores» culturales en España - pueden contarlo. Me acuerdo todavía de las clases de música que me dio una profesora de latín en la única asignatura sobre esa materia que tuve a lo largo de todos mis estudios preuniversitarios (8 años de EGB, 3 de BUP y 1 de COU). La señora - que no sabía distinguir la clave de sol de la de fa - nos entretenía durante horas leyendo en voz alta el manual para indicarnos lo que teníamos que subrayar. Yo estudiaba entonces piano y me reía para mis adentros (aunque, francamente, los conocimientos de historia de la música de mis profesores del conservatorio tampoco eran mucho más profundos...) Es fácil imaginarse la idea con la que se quedaron mis compañeros de entonces, con catorce y quince años, de lo que daba de sí aquella extraña cosa de la música clásica.

Con la LOGSE, las cosas hubieran podido mejorar. Sin embargo, lo cierto es que, dentro de los establecimientos de enseñanza, la presión para que los mejores estudiantes NO escojan la opción música es enorme. Muchos de mis alumnos - profesores de música - me han contado episodios sorprendentes que revelan el generalizado desprecio hacia la música por parte de sus propios compañeros de profesión especializados en otras disciplinas. Ahora, con la LOE, los sueños que parecían realizables con la anterior ley se han esfumado por completo.

La «impronta creadora» de la sociedad española es alérgica a la música clásica porque eso es lo que se fomenta - activamente - en las escuelas. En cuanto a la música popular, como siempre, la innovación seguirá viniendo de otros países donde sí se toma la música en serio. Luego es sólo cuestión de inventarse una letrita con prosodia mínimamente ajustada (o ni siquiera eso) y a correr.

4/14/2005

Isto não é uma polémica

Era para ter tido com ele a polémica que era de esperar entre uma massenetiana e alguém que gosta desse piroso do Mascagni, mas afinal não foi possível ou, pelo menos, não foi possível por enquanto. Isto não significa que é agora que vamos ter uma polémica sobre outro assunto, claro está. É só que li o último post do Henrique a propósito da conferência de António Pinho Vargas desta semana (à qual não me foi possível asistir) e achei tão interessante que não resisti a fazer um comentário.

A primeira parte é óbvia: a actuação pública de Boulez é tão variada que se compreende que possa ser difícil apreciar positivamente tudo aquilo que ele faz. Uma personalidade aparentemente bastante autoritária também não ajuda muito a gostar dele. A questão é que, estando de acordo com muitas das coisas que o Henrique diz, ao mesmo tempo, e cada vez mais, não deixo de cultivar uma admiração por Boulez por causa do seu empenhamento, no século XX, numa ideia elitista e minoritária da música. Perdeu a aposta (até ele próprio se tornou numa espécie de marca, como a Mercedes-Benz: se é Boulez dirigir, é bom, investimento seguro, compra-se) e fez que se «perdesse» também muito dinheiro do erário público francês nos seus proyectos, mas...

Pelo caminho, todavia, também deixou umas quantas obras que só sendo muito tendencioso se podem desprezar (Le Marteau, as duas Dérives, Livre pour quatuor, Rituel...).

Contudo, no fundo, Boulez não me interessa demasiado, ou melhor, não me interessa gastar o meu tempo falando nele.

Mas sim que me interessa pensar nalgumas das coisas que o Henrique dizia, sobretudo isto: « Boulez é um gesto, um formalismo, uma necessidade de ser avant garde de uma arte que já não consegue ter guardas nem muito menos avançadas, porque a arte já não é um movimento em direcção a algo, a arte hoje não se rege por padrões lineares ou planares.»

A questão é que não sei quando é que a arte foi isto: «um movimento em direcção a algo». Na música, é certo, temos a infelicidade de ter de aguentar essa ideologia da teleologia infalível e do pensamento único. Está bastante estendida, mas, também, não sei se houve nunca nada comparável com o terramoto Wagner no resto das artes. Ninguém tem a culpa disso.

E mais outra coisa, o tal “divórcio” entre o público (ou uma parte dele) e o compositor (ou pelo menos alguns) e algumas obras já existia nos tempos de Mozart. Muitas notas, lhe disseram a ele. Ininteligível, diziam a Beethoven. Sensual e ilógico, diziam a Mahler. Nem sei a quantidade de imaginativos piropos que foi lhes dedicada a Schoenberg e a Berg. Mas atenção: com isto não estou a aceitar aquela ideia de que a história separará as águas e fará dos os últimos, os primeiros.

Só temos é de tentar avançar no labirinto escutando, não esperando encontrar nas obras a confirmação daquilo que pensamos que é o que devemos pensar sobre elas porque alguém com autoridade – ou lata, ou temperamento suficente – o disse. Agora, também não me parece justo confundir a falta de paciência de cada um com aquilo que uma obra propõe e, menos ainda, com o falhanço ou com sucesso do percurso do seu autor. Pensar nesses termos é cair na cilada de aceitar que a “história”, afinal, tem sempre razão. Ou, pior, entender a história como uma espécie de “Big Brogther” televisivo.

Há, porém, peças musicais más e acho que temos tudo o direito a não ter paciência para elas. Isto último aplica-se também às boas.

Bartók, Boulez, Grimaud

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Há dias que no Ópera e demais interesses se comentou o recente lançamento da Deutsche Grammophon com os concertos para piano de Bartók dirigidos por Boulez. Só hoje é que tive a oportunidade de escutar o CD.

Superlativo, nao há dúvida. Agora, se usarmos essa palavra para o conjunto, não sei como é que poderei distinguir o resultado, no terceiro concerto, da combinação de Boulez à frente da Sinfónica de Londres com Hélène Grimaud (na foto) ao piano.

Ouçam e contem depois se conseguiram ouvir o “Adagio religioso” sem paragens. É que eu tive de deter o leitor por um momento para conseguir respirar.

Grande Bartók.

4/13/2005

Bill Viola encena Wagner

A notícia (com link para a entrevista com o Bill Viola publicada no Le Monde) e o comentário estão no óptimo Ópera e demais interesses.

4/12/2005

Casa da Música

Iniciativa cidadã em defesa da área envolvente da Casa da Música. É só clicar aqui e subscrever a petição.

Mais informação, aqui, aqui e aqui (blogs). Ainda, aqui e aqui (New York Times). E aqui (Jornal de Notícias, entrevista com Rem Koolhaas).
Coleman Hawkins Posted by Hello
Lester Young Posted by Hello
Ben Webster Posted by Hello

Duas breves

O novo blogue sobre música de César Viana (bem vindo à blogosfera!) e a resposta a uma pergunta que eu própria me fiz num post escrito a propósito da Festa da Música: onde é que param as produtoras? Felizmente, há uma que pára aqui.

«Deja que suene la música»

El título de este post cita uno de los publicados por Enrique Dans el pasado jueves 7 de abril. La lectura se recomienda, aunque, en lo que se refiere a la música «clásica», me parece que convendría distinguir de forma más clara los derechos relativos a los mediadores de los derechos de autoría. Hay además un tipo de derechos, propios de los intérpretes, que todavía no han salido en esta batalla y que en la «clásica» son también importantes. Éstos son pormenores, o mejor, cuestiones que, de manera tangencial, el referido post me ha hecho considerar.

Además, también me ha recordado otro asunto interesante: ¿cómo se podrá caracterizar la escucha por la que estamos dispuestos a pagar en la era digital? ¿será que, hoy en día, «escuchamos»?

Pensándolo bien, parece significativo que las sociedades de autores naciesen en la segunda mitad del siglo XIX, el período en el que se generalizó el modelo de «escucha silenciosa» para la música, fundamentado en la idea romántica de que el artista/autor es un ser diferente del común de los mortales. No obstante, el origen de la primera sociedad de autores (la francesa SACEM, de 1851) es bastante ruidoso: el propósito de fundarla nació la noche en que dos compositores se negaron a pagar la cuenta de su consumición en un café-concerto cuyo fondo sonoro era música de su autoría. Curiosamente, uno de los argumentos actuales de los autores en la defensa de sus derechos es su rechazo a ver convertida su obra en mera mercancía.

Por cierto, mientras yo estaba en otras cosas, el Plan Anti-Piratería de la ministra Carmen Calvo fue aprobado. Su lectura, este fin de semana, me provocó un malestar, explicado después por David Bravo en su blog, Fílmica, y por Jaime Muñoz (éste incluye el texto del plan, en PDF, y links para otros comentarios).

Un detalle que ha pasado inadvertido: la referencia a la impronta creadora por la que se «caracteriza» la sociedad española como justificación del plan. Otra manera de decir «o que é nacional é bom».

4/11/2005

Dois artigos de Nicholas Cook

Ambos publicados em Music Theory Online e relacionados com a musicologia da «performance». Um muito recente, publicado no último número monográfico da revista. E outro, de 2001, talvez mais apelativo pelo seu carácter de quase «manifesto».

O livro de Esteban Buch sobre a "Nona Sinfonia"

Há dias que tenho a intenção de escrever aqui alguma coisa a propósito do livro de Esteban Buch sobre a nona sinfonia recentemente lançado pela Terramar. O Sérgio Azevedo - bem vindo seja a este blogue que é o seu :-) - perguntou a minha opinião sobre este estudo em comentário ao post sobre a “Nona de Furtwängler” gravada no dia do aniversário de Hitler em 1942, mas acabei por não responder porque pretendia dedicar um pouco de tempo ao assunto: o melhor é inimigo do óptimo…

Li o livro há três anos, quando saiu em inglês, e na altura achei fascinante. Buch é um daqueles autores que consegue o difícil equilíbrio entre a exaustividade académica e a agilidade do estilo. Em cada página se revela a sua impressionante imaginação, fazendo com que todas as fontes que utiliza se tornem pertinentes e reveladoras, inclusive (pelo menos assim me parece) para leitores pouco treinados na leitura de obras de temática musicológica.

No que diz respeito ao século XX, e para além da análise dos avatares da obra a partir da ascensão do nazismo até à queda do muro de Berlim, Esteban Buch analisa em detalhe as comemorações do centenário da morte de Beethoven, ocorridas em Viena em 1927. Este capítulo é, talvez, o mais interessante e inovador do livro porque, apesar de ser um episódio aparentemente marginal, pode ser considerado o campo no qual Beethoven “perde”, nem que seja transitoriamente, a sua assimilação por parte do modernismo. O principal organizador dessas comemorações foi Guido Adler, um dos fundadores da musicologia moderna, amigo de Schoenberg e professor de Anton Webern na Universidade de Viena.

O capítulo é, entre outras coisas, interessante porque é aquele que permite estabelecer ligações com a recepção portuguesa de Beethoven, a partir da presença no mesmo, como delegado, do pianista e compositor José Viana da Mota. Este facto é apenas referido de forma implícita, ao qualificar de menores e de conservadores os compositores que intervieram no programa. Faz pensar no significado de que, nesse foro, Viana da Mota se referisse às, na altura, mais recentes obras de Freitas Branco nos seguintes termos: “Só hoje começa a aparecer certa tendência para um neoclassicismo Beethoveniano nas obras de Luís de Freitas Branco. Acentua ele a tendência da geração actual contrária ao impressionismo e orientalismo inorgânico e enervante a favor do espírito ocidental mais severo de Beethoven. Para criar obras organicamente construídas, de grandes linhas, acha ele necessário regressar à forma Beethoveniana como base, conquanto modernize a expressão. As suas sinfonias seguem exactamente o plano Beethoveniano admitindo a relação dos temas entre si como deduzidos por analogia e por contraste.”

Na mesma conferência, Viena da Mota afirma ter sido ele o primeiro a escrever Portugal uma sinfonia em que se “empregou entre nós, rigorosamente, a forma Beethoveniana”: depois, dedicou-se ao “género nacionalista”.

O legado do culto beethoveniano passou directamente para Fernando Lopes-Graça, pelo que devemos tentar olhar (na perspectiva da história da música em Portugal, claro está: esta discussão não deve ter grande interesse para a composição hoje) para além da apreensão que produz a antiquada retórica de Viana da Mota patente neste excerto. Lopes-Graça, porém, foi bastante crítico em relação à utilização da “grande tradição musical germânica” como propaganda política através das digressões europeias de maestros e orquestras alemãs durante o nazismo (por exemplo, a da Filarmónica de Berlim a Lisboa nos primeiros anos da década de 40).

Orquestras

As orquestras do século XXI têm perante elas um arriscado dilema, cujo desfecho está longe de constituir uma questão de fácil resolução. Arrastando o peso de uma longa história e submetidas à pressão de um mundo que muda a uma velocidade vertiginosa, são instituições que, em muitos lugares do mundo, estão à procura da sua identidade. As dificuldades de ordem financeira que atravessam, agravadas nas actuais circunstâncias, são tão evidentes que se cai na tentação de pensar que não vale a pena destacá-las. Divididas entre a vontade de recuperar a função social que adquiriram no século XIX integrando-se nas comunidades às quais pertencem e a tendência para a preservação de um legado eminentemente oitocentista e europeu, sufocadas pela crise económica e em concorrência com outros formatos e conteúdos culturais que chegam a milhões de pessoas e que movimentam quantidades exorbitantes de dinheiro, a previsão do seu futuro está repleto de incógnitas.

Ao longo do século XX, o público das orquestras cresceu, tanto nas próprias salas de concerto, como através da rádio e das gravações em LP e, depois, em CD. Os dois modelos produtivos principais, ambos com raízes no século XVIII, sobreviveram como manifestação simbólica de poder (por exemplo, nas orquestras das rádios nacionais, das quais os vários agrupamentos da antiga Emissora Nacional são um bom exemplo) ou actuando ao vivo para uma minoria (àquela à qual pertence o reduzido número de pessoas que podem pagar um bilhete para escutar um concerto sinfónico não subsidiado) e vendendo depois o maior número possível de gravações e retransmissões (obviamente, mais baratas do que um bilhete para um concerto “ao vivo”, numa sala com condições acústicas apropriadas, a preço de “mercado”).

É certo que os países asiáticos são muitas vezes referidos como a esperança para a orquestra enquanto instituição na época da globalização. Há também circunstâncias históricas e sociais específicas que explicam algumas excepções no contexto global. É o que aconteceu em Espanha e Portugal, onde, após a instauração da democracia, se assistiu a um impressionante processo que poderíamos qualificar de reconstrução cultural que se materializou particularmente na fundação de orquestras e na edificação de auditórios. Na actualidade, porém, os indícios que permitem avaliar a ligação entre as orquestras e o seu público não são demasiado animadores e há sintomas nos quais o pessimismo encontra fundamento. Verificam-se, em salas de concerto meio vazias, as dificuldades para encontrar o repertório acertado. Nas salas que enchem, dá a impressão de que o ritual tradicional do concerto público chama a um público cada vez mais envelhecido.

As orquestras têm-se transformado em museus, ou seja, em instituições caras e isoladas das condições sempre instáveis do mercado, cuja função principal é a de preservar e divulgar artefactos de “alta cultura”. Este prestígio cultural explica em parte que o trabalho das orquestras prossiga, já que – pelo menos, por enquanto… – nenhum decisor quis assumir a responsabilidade de aparecer nos telejornais para ser acusado de “assassinar”, tirando emprestada a expressão ao crítico Norman Lebrecht, a muito séria e muito ocidental música clássica. Na época em que vivemos, porém, é a própria noção de “alta cultura” a que está em crise: a definição da sua pertinência e do seu alcance num mundo global e multicultural – e, portanto, a definição do papel que as orquestras assumirão nesse mundo – faz parte de um debate em aberto.

Algumas referências:

J.P. Burkholder, “The Twentieth Century and the Orchestra as Museum” em J. Peyser (ed.), The Orchestra: Origins and Transformations, (New York, 1986), pp. 409–33.
Lebrecht, N., “Classical music plays away”, La Scena Musicale (19-IV-2002)
- When the music stops, Londres, Pocket Books, 1997.
F. Peregrín Fernández, “Música clásica, globalización y multiculturalismo”, Mundoclasico.com (27, 29 e 31 de Maio de 2002).
Talbott, M., The Business of Music, Liverpool University Press, 2002.

Nota: o texto foi originariamente publicado no webzine Notas Soltas, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

4/03/2005

El paisaje sonoro de la Guerra Fría

Posted by Hello


La foto es de inicios de los años 50 y la dedicatoria, firmada en octubre de 1955, está dirigida «To a wonderful director and friend, Eugene Ormandy, the first colleague of my concertwork in America». El retratado es Emil Gilels, uno de los mayores pianistas de todos los tiempos.

El 6 de noviembre de 1951, cuatro años antes de su primera digresión americana, tocó, en Florencia, obras de Mozart, Beethoven, Prokofiev, Rachmaninov y Balakirev. Ése fue su primer recital en Europa Occidental. La foto - no sé si son imaginaciones mías - retrata también la época: el gesto de los labios, la mirada triste, la condecoración que, supongo, es el Premio Stalin, con el que fue distinguido en 1946.

Todo este palabreado, al final, viene con el pretexto de los 20:41 de puro asombro de los que hoy he disfrutado escuchando la interpretación que hizo de la sonata «Appassionata», de Beethoven, en su presentación florentina. Todas las grabaciones de Gilels son, como se sabe, recomendables, pero ésta tiene como aliciente su importancia histórica: es un pedazo significativo del paisaje sonoro de la Guerra Fría.

Por si interesa: La referencia del CD es Music & Arts Programs of America, Inc. (AAD. UPC# 017685-11022-1.)

4/01/2005

El nuestro es mejor

La SGAE no es, ni de lejos, tan discreta como la SPA. Es mucho más poderosa, está mejor organizada y tiene además ambiciones políticas que, me parece, la diferencian bastante de su homóloga portuguesa. Por ejemplo, ha conseguido que el gobierno español esté en vías de aprobar un «plan integral para la disminución y eliminación de las actividades vulneradoras de la propiedad intelectual» o «plan anti-piratería» (cuyo borrador es imposible de encontrar en internet), que la ministra de cultura presenta, con desparpajo, de la siguiente manera: «Tan sólo Francia tendrá en Europa un plan de esta envergadura, aunque el nuestro es mejor».

Aquí podéis leer argumentos a favor y aquí, argumentos en contra. Puedo parecer tendenciosa en la elección, pero lo cierto es que reflejan bien las posturas que se oponen en este asunto.

As notícias do dia (actualizado)

Concertos para violino de Chopin em estreia mundial no CCB.

ele.

Bono Vox traz êxitos dos U2 ao palco da Casa da Música no dia 13 de Abril.

eles.

Cultura y mercado (en España)

El artículo en cuestión tiene algunos meses, pero no por eso ha dejado de tener interés. La revista virtual donde fue publicado, Dosdoce, también merece una visita.

A Nona e a sua história política

Posted by Hello


Gravação da Nona de Beethoven dirigida por Furtwängler em 1942, no dia do aniversário de Hitler. Uma boa escolha para depois, ou para antes, da leitura de A nona sinfonia de Beethoven. Uma história política, recentemente lançada em português pela Terramar.

Aqui podem encontrar mais informação acerca das condições em que o registo foi realizado.