1/15/2006

Fossos

Na sua crónica de hoje (no Público, claro…), Vítor Belanciano assinala uma das incoerências da imposição de quotas de música portuguesa nas rádios. Nascida para impulsionar a sua difusão (e a do português), está pensada por quem parece acreditar «que ainda estamos na época em que a família se reunia à volta da telefonia», ignorando por completo o papel que as novas tecnologias da informação têm actualmente no mercado musical

De facto, os seus primeiros promotores assim pensavam, como se pode comprovar através da leitura deste manifesto, de 2003, onde, por supuesto, ninguém se lembrou de mencionar as responsabilidades dos criadores no que diz respeito à divulgação da sua música...

O que se evidencia ao cruzar a coluna de Vítor Belanciano com a manchete da primeira página do jornal (“Aumenta o fosso entre ricos e pobres em Portugal”) é que essa é uma lei que, primeiramente, vai determinar o que será escutado no futuro pelas pessoas que não têm um acesso fácil a essas tecnologias. Infelizmente, o fosso digital português é o mais fundo da Europa (via Jornalismo e Comunicação e Atrium).

Cito o artigo do Público assinado por Carlos Romero: «O número de pessoas a viver [em Portugal] com menos de 350 euros por mês ronda os dois milhões e teima em não descer…». É aproximadamente o preço habitual do iPod de 20 Gb...