O nome encontrado tem inequívocas qualidades, mas a vocação do instituto [Instituto das Artes], muito voltado para a internacionalização da cultura portuguesa, e para o intercâmbio artístico, pouco tem a ver com o sector musical (cujo peso no estrangeiro é reduzido e está ligado a círculos muito restritos). Penso que era necessário alguém claramente ligado às artes visuais, área onde se estava a fazer um trabalho importante.
A citação provém do PÚBLICO, da coluna assinada por Eduardo Prado Coelho na passada quarta feira. Refere-se à nomeação de João Vaz de Carvalho como responsável pelo IA.
Como não parte da distinção, nem funcional, nem de princípio, entre artes “visuais” e artes “performativas”, o autor funde e confunde o IA com o extinto IAC (esquecendo o IPAE) e acaba quase por negar que a música tenha alguma pertinência num instituto do Estado que se reclama “das Artes”. Parece que, na opinião de Prado Coelho, a música não é um aspecto da cultura portuguesa susceptível de ser internacionalizado ou de merecer “trabalho importante” no Ministério da Cultura. Pelo que se lê, os critérios únicos para orientar as suas escolhas e a sua política deveriam ser dois: peso e amplitude.
O programa subjacente é afinal o de uma espécie de Relatório Porter da Cultura, cuja essência, no que diz respeito à música, já tem sido aplicada. Quem quiser uma prova, pode, por exemplo, visitar aqui o Centro de Informação da Música Portuguesa, um projecto fundamental que só foi possível no século XXI graças à iniciativa individual e empenhada de Miguel Azguime.