11/17/2006

É a cultura, estúpido!

Ontem o Público deu destaque à notícia do peso que a cultura tem como actividade económica no PIB. Não é informação recente (há anos que existem relatórios neste sentido), mas é pertinente e muito bem vinda, vistas as palermices que temos andado a ler nos últimos dias.

Rui Rio e o seu despacho, no meio disto, é apenas folclore. Afinal, até o desculpo: ele não é pago para pensar, mas para executar. No entanto, por sua vez, ele tem a obrigação de arranjar quem pense "bem" para ele. É para isso que servem os assessores. O que me aborrece precisamente é a irresponsabilidade de quem, servindo-se do espaço jornalístico habitualmente dado aos opinion-makers, escreve barbaridades. Cheguei a ler, por exemplo, numa coluna do Diário de Notícias que os subsídios servem para pagar os almoços dos artistas. Também fiquei farta das diversas variantes do provérbio que diz qualquer coisa como que quem é pobre, não tem vícios.

São estas as palermices que é preciso contrariar. E, nesse sentido, o dossier do Público é a resposta certa no momento certo. Espero que tenha algum efeito e que a reacção do chauffeur neoconservador do Araúxo seja uma excepção. Por seu turno, a minha choiffeuse, depois de ter lido o jornal, ficou indignada. Exclamou logo, enquanto dava enérgicas escovadelas: "Mas que coisa chata, misturar uma coisa tão bonita como a cultura com o dinheiro!"