11/20/2006

Mais outra que foi à vida

A Festa da Música, como se sabia, pelo menos, desde Janeiro deste ano, apesar da esperança que pareceu surgir algumas semanas depois.

Mas teremos uns "Dias da Música" na data prevista em 2007 dedicados ao piano (entalados entre o excelente ciclo pianístico da Gulbenkian e o Festival de Sintra...). O projecto será, pelos vistos, mono-instrumental... Esta nova festa da música dos pequeninos, mais maneririnha do ponto de vista orçamental, talvez continue pelos ferrinhos e pelas castanholas, como sugere um leitor de Cascais no site do PÚBLICO. No entanto, fiquem descansados, porque o resto das coisas que aí vêm são muitíssimo melhor.

Desculpem o tom, mas este tipo de desistências entristece-me. Chateia-me, ainda, o ar de improviso envergonhado que têm esses Dias da Música. E que, apesar disso, irá custar um terço do orçamento da Festa. E que este seja o legado de um governo que tem um musicólogo nas suas filas. E que acaba um projecto que questionou a forma de programar a clássica em Portugal mostrando que, afinal, o público existe. E que não se tenha divulgado nenhum trabalho académico de jeito sobre o seu impacto na cidade. E que as milhares de pessoas que acorriam ao CCB e esgotavam os bilhetes fiquem sem resposta à sua procura de música de qualidade, num formato inteligível e num contexto festivo e, ele próprio, espectacular. E a incapacidade para ter negociado com René Martin com visão e tempo o desenvolvimento da Festa da Música em moldes específicos. E que uma condecoração tenha sido o único reconhecimento oficial dado ao seu sucesso.

Pronto. Já passou.