11/07/2006

Futurismo rivolucionário

Afinal, e como acontece quase sempre, os números retiraram toda a poesia ao gesto futurista do autarca do Norte.

Conforme o jornal Público de hoje, a despesa total com cultura da Câmara do Porto atinge os 4,6 milhões de euros (2,03% do orçamento), dos quais foram atribuídos 100 mil em subsídios. Estes são os que Rui Rio anunciou que vai cancelar. Apoiaram apenas as seguintes organizações: Fantasporto (30 mil), Festival Internacional de Marionetas (10 mil), Festival Internacional de Teatro Ibérico (25 mil), Fazer a Festa (20 mil) e Fundação Eugénio de Andrade (15 mil).

Compare-se com os números de Lisboa (a fonte continua a ser o Público): 30 milhões de euros (5% do orçamento), dos quais 1 milhão se destinam a subsídios. Ou seja, o presidente da Câmara do Porto em parte tem razão: os seus subsídios são esmolas.

Tal como Manuel Carvalho interpreta no artigo que assina assina também hoje no Público (intitulado "Rui Rio, a genealogia da moral pública" e que, como se sabe, só está disponível para assinantes), o gesto situa-se algures entre o amuo pessoal e a censura institucional.

A ler, ainda: o post publicado no passado dia 22 no Coriscos (que foi precedido por este). Vêm a propósito do apoio recebido por Rui Rio da parte de pessoas que, aparentemente, não sabem muito bem de que falam quando escrevem sobre o "tecido cultural" da cidade do Porto.