7/27/2007

Manifesto da Meloteca

O meu post de despedida, antes de ir para férias, era o anterior. Mas fui agora ver o hotmail do blog, que não via há tempos, e encontrei esta mensagem endereçada por António José Ferreira, o responsável pela magnifica Meloteca. O conteúdo é bem menos agradável do que o do podcast do Carlos, mas julgo que será, infelizmente, de interesse para os internautas melómanos que por aqui passam.

Fica aqui, reproduzido na íntegra:

MELOTECA EXCLUÍDA DE APOIOS

1. Em Setembro de 2003, foi lançada a Meloteca, sem pompa nem apoios. O projecto cresceu, foi reconhecido o seu interesse cultural, e a gestão do projecto tornou-se impossível de realizar cabalmente sem apoios institucionais. Muita informação tem ficado por divulgar por manifesta falta de tempo. Por essa razão, o Projecto foi em devido tempo candidatado aos apoios pontuais 2007 do Iartes.

2. A Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular reconheceu "o manifesto interesse deste projecto enquanto suporte ao desenvolvimento das competências estéticas e artísticas", mas não o apoiou; o chefe da Casa Civil do Presidente da República considera que a Meloteca tem interesse mas não cumpre os critérios para obter o simbólico Alto Patrocínio do Senhor Presidente; a Fundação para a Computação Científica Nacional reconheceu ao Projecto "o maior interesse" e uma "qualidade notável", mas também não pôde apoiá-lo; o Instituto Camões considerou que se trata de uma iniciativa de "grande interesse no contexto da divulgação da música portuguesa", mas referiu que não se enquadra na sua missão fundamental.

3. Como a Meloteca e a minha vida profissional me ocupam quase todo o tempo, e eu não sabia quando seriam publicados os resultados, só em finais de Junho fui ver os resultados das candidaturas a apoios do Iartes. Como o projecto tem crescido de forma sustentada e é reconhecido por numerosos músicos de grande mérito, espantado fiquei quando vi que a Meloteca tinha sido pura e simplesmente excluída. Como dos motivos de exclusão do Manual de Procedimentos nenhum era aplicável, pedi uma explicação. Motivo da exclusão: apoios cumulativos. Que apoios cumulativos?

4. A Meloteca foi apoiada em 2006 com 1500 (!) euros pela Delegação Norte do Ministério da Cultura para o biénio 2006/2007. Todavia, 1500 euros é um apoio insignificante para os custos com ferramentas (software), cursos de Informática, computador e sua manutenção, electricidade, banda larga e servidor... No país que tanto investe na inovação, não há um sequer possibilidade de obter um computador portátil nem oportunidades para projectos deste tipo. Quem já têm formação qualificada e quer fazer melhor neste campo de novas tecnologias não tem oportunidades para melhor promover a cultura.

5. Há que referir que os 1500 euros são relativos ao biénio 2006/2007. Na prática, ter recebido 150 contos para o ano de 2007 impediu simplesmente que a candidatura fosse apreciada. Se a lei é essa, é uma lei cega e injusta, colocando em pé de igualdade apoios de 750 €, 7500 ou 20000, por exemplo. Obviamente, se o motivo aparecesse com clareza entre os motivos de exclusão, não teria perdido dias e dias a preparar a candidatura. No futuro, se candidatar a Meloteca ao apoio do MCNorte e obtiver um apoio, mesmo que simbólico, já não posso concorrer aos apoios do Iartes; mas se não concorrer, é ainda mais provável não receber qualquer apoio, nem de um lado nem de outro.

6. Há um colaborador da Meloteca que está neste momento a trabalhar voluntária e gratuitamente cerca de 3 horas por dia e a fazer viagens que paga do seu bolso. Sem apoios, como posso promover a formação permanente, técnica e específica de quem colabora no projecto e dar-lhe alguma compensação? Além das minhas ocupações profissionais, tenho dedicado ao projecto cerca de 1000 horas anuais. Não passarei a aplicar essas horas em trabalho remunerado nem deixarei de lado a Meloteca, porque ela é, para mim, mais do que uma profissão.

7. Enquanto se esbanja tanto dinheiro, se pagam milhões a gestores públicos e se indemnizam quando são substituídos sabe-se lá por que motivo, a cultura e a música continuam a alimentar-se das migalhas de banquete.

8. A Meloteca, livre e independente de subsídios, continuará a trabalhar pela qualidade da democracia no âmbito da música, a contribuir para que os músicos portugueses tenham mais oportunidades, a manifestar efectivo apreço pelas regiões de Portugal, a promover um pensamento musical português. Sem poder cumprir o projecto apresentado ao Iartes, a Meloteca continuará, apesar de tudo, a prestar um serviço público e a colmatar lacunas na Música, na Cultura e na Educação.

António José Ferreira

Castigo às avessas

Por causa do tau-tau que eu dei no Edelmiro, o Carlos castigou-me com este podcast que se recomenda: maravilhoso sempre e perfeito para entrar, escutando-o, no período de férias. Isso é, precisamente, o que eu vou fazer daqui a umas horas.

7/26/2007

Corigliano rocks



Creo que ya conté en el blog que el motivo de mi ida a Santander fue entrevistar a John Corigliano. El artículo ha salido hoy en Mundo Clásico. Voy a tener la oportunidad de conversar más despacio con él este verano, para hablar, entre otras cosas, del encargo que el Servicio de Música de la Fundación Calouste Gulbenkian le ha hecho, juntamente con otras instituciones europeas y americanas, para la próxima temporada. Una suerte y un verdadero placer.

7/20/2007

La columna de la derecha

Sigue tan caótica-alfabética como hace unas semanas. En realidad, un poco más, porque acabo de incluir otras tres entradas: una portuguesa, la del útil blog del Coro Ricercare, otra luso-neerlandesa, la del blog del excelente barítono Armando Possante (distinto apreciador de música disco), y la de un tercero, escrito desde Bogotá. Se trata del interesante blog de Mauricio Peña.

7/19/2007

¿Por qué le llaman gusto, cuando quieren decir moral?

Estaba todavía en Santander cuando leí, en el ABC, la noticia de que cincuenta abonados del Teatro Real habían enviado una carta a los patrocinadores y benefactores del coliseo madrileño protestando por las puestas en escena que “hieren la sensibilidad del público”, particularmente las concebidas por Calixto Bieito y Carlos Amat, respectivamente, para Wozzeck, de Berg, y El viaje a Simorgh, de Sánchez Verdú.

Así, sobre la puesta en escena de Bieito, afirman


que «denigra de forma explícita a la mujer mediante la doble violación de su supuesto cadáver», y se «insulta a la dignidad humana» mediante la retirada, en fase de ahogo terminal, de la mascarilla que da vida a un niño, ayudándole a morir.
Y, a propósito de El Viaje a Simorgh, siempre según el ABC, los firmantes de la carta destacan


«la pornografía que «orienta al progreso» la sensibilidad del público, con sexo explícito entre dos hombres». También se refieren a la «degradación y ridiculización de forma vil e inaceptable de algunos personajes de la Iglesia». Lo que constituye, en opinión de los firmantes, «una clara lesión a los derechos y valores humanos que todos debemos preservar».

Me encanta la expresión “pornografía que orienta al progreso”. Se me pasó la semana pasada. He reparado en ella hoy, leyendo El País Digital, donde hay varias piezas que informan sobre el eco que la carta está teniendo en el medio operístico español.

Ni siquiera a pesar de que critiqué negativamente la puesta en escena de Bieito les voy a alabar el gusto. Mucho menos en lo que se refiere a la de Amat, que sí me gustó.

La carta, retrospectivamente, me ha confirmado la certeza que tuve en su momento de que las críticas que Sánchez Verdú padeció habían sido una respuesta a la valentía – o ingenuidad o inconsciencia, me da igual– de introducir en el Real una crítica tan clara a cualquier forma de fanatismo e intolerancia. Por ejemplo, cuando yo asistí, fueron bastantes las personas que se levantaron ostensivamente en una de las escenas más impresionantes de la obra, cuando se oye, amplificada y circulando amenazadora por la sala, la terrible frase “Dios está con nosotros”. Por eso, por esta reacción que interpreté, iluminada retrospectivamente a la luz del contenido de esta carta, de forma correcta, me sorprendió un poco que, en general, se pasase de puntillas por encima del desafío principal lanzado por Verdú que era, visto de otra forma, un elogio a la libertad individual, al viaje interior.

Curiosamente, esas mismas personas habían soportado ascéticamente la tal escena de pornografía orientada al progreso con la que se inicia la obra. Tal vez porque se sintieron aliviados al ver cómo la Muerte se llevaba a algunos de los pecadores reunidos en el prostíbulo donde se localiza. Lástima que no permanecieran en sus butacas hasta el final: supongo que se hubieran quedado satisfechos al comprobar que el personaje de la Muerte es el único que sobrevive.

En fin, que la cosa no pasaría de un chiste si la continuación de la carta no fuera ésta:
A continuación, solicitan a todos los patrocinadores y benefactores que «exijan» a la dirección del Real información completa sobre las representaciones para evitar a los abonados y aficionados «inserciones imprevistas que no enriquecen sino degradan la calidad de las obras y dejan en entredicho el buen nombre de su empresa».
Aunque no me entiendan mal. Estoy completamente de acuerdo con ellos, tal como lo estoy con Anna Russell: "you can do anything so long as you sing it...". La belleza de la (gran) ópera está ahí.

7/18/2007

Dos libros

uno que he detestado



y otro que estoy devorando con placer



y que hubiera debido reproducir el retrato de su autora en la portada



linda

Con el pretexto de que es verano, y como además el libro de Alma es sobradamente conocido, no me voy a explayar comentándolos.

Aunque tal vez se justifique decir algo sobre la novelita de Echenoz. El problema es que sólo se me ocurren adjetivos poco lisonjeros. Imaginen una docena de anécdotas conocidas relativas a los últimos diez años de vida de Ravel, pegadas las unas a las otras, intercaladas con descripciones de objetos y espacios que pretenden ser épatantes por su inanidad, y presentadas con un estilo ácido y descarnado - esto último me da la impresión que agravado por la traducción al castellano - y que provoca una progresiva irritación porque se toma en serio su intrascendencia. O a lo mejor resulta que tiene sentido del humor en exceso y yo, que ando muy sentimental, no me he enterado. De hecho, el libro ha sido bastante elogiado.

Por cierto, cuando Echenoz menciona el estreno del Concierto en Sol no refiere a Pedro de Freitas Branco. Casi mejor.

7/17/2007

Lisboa retalhada

É claro que isto tem uma explicação: a principal consequência da absurda política urbanistica das últimas décadas foi retalhar a sociedade lisboeta, afastando as pessoas umas das outras e remetendo cada qual para a sua vidinha privada num dia a dia em que os habitantes raramente têm oportunidade de se encontrarem uns com os outros fora do centro comercial ou do hipermercado. O sentimento do viver colectivo e do interesse comum perdem-se numa cidade assim, em que o espaço público primeiro se degrada, e depois quase desaparece.



Lido no sempre excelente Blogoexisto. Fez-me pensar nas salas de concerto lisboetas, tantas vezes à espera de mais público.

7/15/2007

Las virtudes de Pandora, que ahora se muda a Matosinhos

¡Tanto tiempo! El verano, la burocracia universitaria y la provincia combinados dan como resultado una especie de torpor más o menos bien dispuesto, incompatible con el mantenimiento regular de un blog. Ésa es la explicación.

En medio de esa calma, han ocurrido algunas cosas divertidas y otras agradables, claro. Está en la segunda categoría el viaje que he hecho esta semana a Santander. Fui allí para entrevistar a John Corigliano, compositor invitado por la organización del Encuentro y Academia de Música de Santander, un proyecto promovido por la Fundación Albéniz sobre el que valdría la pena escribir un post. La visita estuvo llena de sorpresas agradables. Cuando llegué el pasado lunes, primero, encontré providencialmente un cuarto con vista sobre la playa del Sardinero. Después, me encontré, también por casualidad, con un cuarteto formado hace cuatro años en la Academia Nacional Superior de Orquesta de Lisboa tocando maravillosamente dos de mis obras preferidas.

El Cuarteto Pandora, antes Tacet y, a partir de octubre, Cuarteto de Matosinhos, interpretó la segunda parte de uno de los programas del Encuentro. Tocaron la op. 5, de Webern, y el op. 13, de Mendelssohn. Los había escuchado en 2005, cuando eran todavía Tacet y acababan de ganar el Premio Jóvenes Músicos de la RDP, y me parecieron buenísimos. Ahora, después de un año de durísimo trabajo en el Instituto Internacional de Música de Cámara de Madrid, creado en 2006 por la misma Fundación Albéniz y que funciona en paralelo a la Escuela Superior de Música Reina Sofía, se han convertido en un verdadero cuarteto, con un sonido puro, esmaltado, muy contenidos expresivamente y con una transparencia de textura y formal increíble.

Según me contó Victor Vieira, el primer violín (fantástico, alumno de Aníbal Lima y Gerardo Ribeiro) el cuarteto se va a instalar en Matosinhos. Al menos este próximo año, no obstante, tienen la intención de continuar a trabajar con el que ha sido su profesor en el Instituto, el excelente violinista y pedagogo Rainer Schmidt.

Es un poco tonto que la Câmara les obligue a cambiar el nombre por el de Cuarteto de Matosinhos (por supuesto, no resistí, y tuve que preguntar si también les iban a obligar a salir al escenario vistiendo una camiseta con el escudo municipal...) Aparte de eso, que no es muy afortunado desde el punto de vista del marketing del grupo, me parece magnífico que la Câmara Municipal de Matosinhos haya lanzado este proyecto y que la elección del grupo haya sido realizada por concurso. Esto último lo sé porque, también casualmente, unos días después de conversar con Víctor, uno de los miembros del tribunal me habló maravillosamente sobre ellos y sobre la prueba que realizaron.

Sólo espero que, por muy municipales que vayan a ser a partir de octubre, sean capaces de pensar y actuar, como grupo, por así decirlo, a escala planetaria. Por cierto, aunque no creo que visiten este blog, ¿a qué esperáis para crear la página web del cuarteto?

A seguir con mucha atención, incluso aunque no tengamos más remedio que llamarles en el futuro Cuarteto de Matosinhos.