Na semana passada, estive em Coimbra para participar num colóquio. Tive a oportunidade de comentar com algumas pessoas amigas a performance no Teatro Académico Gil Vicente do, salvo erro, ainda futuro director do Instituto das Artes, Jorge Vaz de Carvalho. Depois, vi que, na net, estão ainda disponíveis alguns ecos jornalísticos da sua prestação, por exemplo, aqui.
Vaz de Carvalho defendeu uma espécie de discriminação positiva para a música, materializada, entre outras medidas, na edição de partituras de obras de compositores portugueses (citando o DN: A prioridade será a música "Um dos meus primeiros objectivos é lançar uma colecção de todo o manancial de criações de compositores portugueses que não estão disponíveis.).
A ideia do Estado - um Estado qualquer - se responsabilizar pela edição de partituras dos compositores nacionais - de uma nação qualquer - faz-me confusão. Será que os compositores escrevem para serem protegidos pelo Estado, para se tornarem património? A expressão "todo o manancial de criações" é assustadora, porque revela uma total ausência de limites na própria concepção da tarefa. Que política evidencia? Quais os critérios?
Em Coimbra, falei da Condessa de Proença-a-Velha, dama da sociedade lisboeta que manteve um salão musical na mudança do século, pela qual me tenho interessado nos últimos meses. O que fez a Condessa foi gastar o seu próprio património na publicação - em volumes de excelente qualidade - das obras da sua autoria: isso, porém, não evitou que a sua música fosse completamente votada ao esquecimento.
Acho que, um dia destes, vou voltar a falar sobre ela neste blog. O seu é um exemplo edificante.