No seu As disfunções da cultura (o link, na coluna da direita), o Pedro escreveu há dias um post a propósito da última conferência de imprensa da OML. O concerto de ontem à noite, no São Luiz, poderia ter sido uma resposta às suas dúvidas relativas à ausência da *arte* nas notícias publicadas. Um maestro sério e seguro (Scott Sandmeir), dois cantores muito dignos (Andrea Bönig e, sobretudo, o tenor Manfred Equiluz) e um conjunto de músicos muito competentes (o mais fraco, o concertino, mas alguns muito bons, como, por exemplo, a oboé) interpretando com rigor A Canção da Terra, de Mahler na instrumentação de Schönberg, perante... 35 pessoas.
Pelo que se viu e ouviu, de facto, o problema da OML, ou pelo menos o seu problema mais urgente, não parece ser artístico (e se fôr, com as audições em curso, vai ser decerto resolvido), mas logístico e estratégico: faltam-lhe condições para conseguir criar e fidelizar o público, tem de saber desenvolver uma imagem mais informal e próxima da sua audiência (atenção, não falo de fazer os concertos na feira popular), precisa de criar novas estratégias de comunicação para dar uma dimensão verdadeiramente pedagógica aos seus concertos...
Vão ver os programas "sociais" que orquestras como a da Cidade de Granada (http://www.orquestaciudadgranada.es/todo.htm) ou a London Symphony (http://www.lso.co.uk/lsodiscovery/) desenvolvem. Talvez seja essa a grande carência (quase tenho a certeza de que, em Portugal, nenhuma orquestra oferece à comunidade programas deste género) que a OML poderia preencher, pelo menos na área metropolitana de Lisboa.
Já agora, aproveito para lembrar que a OML apresenta-se hoje no Seixal com o mesmo programa e que, para a semana, sexta e sábado, vão tocar em Lisboa (São Luiz) e Caxias o concerto para piano e trompete, de Chostakovich, com o fabuloso pianista Vladimir Viardo como solista.