11/30/2005

El caso Azúa

Más reacciones al artículo firmado por Azúa que pegué en este blog hace unos días.

Esta vez, la doncella indignada es el compositor Sánchez Verdú:
 
Cultura de supermercado

José M. Sánchez-Verdú (Compositor, profesor de Composición de la Robert-Schumann-
Hochschule de Düsseldorf. Berlín, República Federal de Alemania)
EL PAÍS - Opinión - 29-11-2005

El artículo del señor Azúa en EL PAÍS del 10 de noviembre es un ejemplo de la libertad de opinión que una democracia conlleva. Aunque ataque a nombres de la cultura como Schönberg, que son lo equivalente a Mies van der Rohe en la arquitectura, Joyce en la literatura o Kandinsky en la pintura. Es una muestra más de la ignorancia, sobre todo musical, que nos rodea. España cuenta con una cultura musical tan mínima como inexistente pese al reciente crecimiento del número de auditorios, orquestas, óperas etcétera, muchas veces con más pompa y cáscara que con verdaderos contenidos. La formación musical desde la infancia no existe, los conocimientos musicales posteriores son desastrosos, e incluso los estudios superiores de música aún no se rigen por un sistema universitario propio, como en todos los países avanzados culturalmente. La frase "yo de música no entiendo" es el estigma que lleva casi todo español. No está de más señalar que salvo unos pocos ejemplos (Gerardo Diego, Valente, etcétera), en España los intelectuales han estado de espaldas a la música en los últimos decenios, hasta un punto vergonzante si lo comparamos con escritores, poetas o filósofos de otros países (Adorno, Mann, Eco, Kundera, etcétera). Es normal que al señor Azúa no le guste Schönberg; con él estará una inmensa mayoría de españoles que no han oído ni su nombre ni su música. Reivindicar el arte de consumo de mayorías como indicador de lo que es bueno es tan banal que no merece ni respuesta. Todo arte exigente y excelente no es en principio para mayorías, siempre ha sido así. De aceptar las ideas de supermercado de Azúa habría que excluir a Mallarmé, a Joyce, a Mondrian, etcétera, porque sus propuestas son "difíciles" y no aceptadas o "comprendidas" en un inicio por las grandes masas: ofrecen algo que a la vez exige, y eso no cabe en las ofertas del supermercado.

Afortunadamente, siempre existirá un arte de creación comprometido, difícil -el arte es una forma de transmisión de conocimiento, no sólo de diversión y espectáculo, como parece creer Azúa-. No podríamos aprehender una cultura sin el rigor y compromiso de los creadores que han arriesgado y abierto nuevos caminos. "Ningún arte, literatura o música estúpidos perduran. La creación estética es inteligencia en sumo grado" (G. Steiner, Presencias reales). Beethoven fue acusado de hacer ruido, de ser incomprensible; Bach, de ir contra las leyes de la música. ¿Dónde estarían los Azúas de entonces? Sin duda, también contra ellos.

Projecto de Siza Vieira em Logroño

Para além do vinho (e, por supuesto, de mim), Logroño vai ter mais uma coisa interessante: o bairro da Judiaria recuperado com um projecto dos arquitectos Siza Vieira e Hernández León.

Não tem a ver com música, mas fico contente na mesma.

Erkki-Sven Tüür

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O jovem violinista Sergei Khachatrian provocou, merecidamente, o maior dos entusiasmos na sua passagem pelo Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. O programa foi preenchido por obras de Shostakovich, Bruckner e Tüür, as quais foram executadas pela Orquestra Gulbenkian sob a experimentada batuta de Paavo Järvi.

Porém, o meu entusiasmo pessoal foi inteirinho para a peça de Erkki-Sven Tüür (a sua biografia encontra-se aqui), Searching for Roots. Aqui poderão ler uma entrevista com o compositor que me poupa a mim o trabalho das apresentações. Ele diz, reproduzidas aqui, coisas como esta:
"The first time I was in a real new music festival I was so surprised at the complexity of Central European modernism. I asked myself why do they avoid the repetitive, minimalist aspects? Why are they afraid of a simple triad? I was asking the same things when I listened to (American minimalist) Philip Glass, where some other qualities were lacking for me. I decided, OK, it should be possible to combine both camps into one piece - not to do it mish mash, but to structurally combine them so that the logic can be perceived."

Homenagem a Christopher Bochmann

Pedro Amaral teve a amabilidade de me enviar a seguinte mensagem:

Caros colegas e amigos,

Como e' do conhecimento de muitos de vos, amanha, dia
1 de Dezembro, Christopher Bochmann estara' em
Londres, onde sera' condecorado por Sua Majestade a
Rainha Isabel II, com a Ordem do Imperio Britanico
(OBE).

Esta condecoracao, que traduz o reconhecimento
institucional, ao mais alto nivel, pelos trabalhos
desenvolvidos ao longo de 35 anos de vida
profissional, consagra, em particular, os esforcos de
Christopher Bochmann no ambito das relacoes culturais
luso-britanicas neste ultimo quarto de seculo.

A Antena 2 junta-se a esta homenagem, amanha a partir
das 18h15, dedicando a Christopher Bochmann cerca de
3h30 de uma ampla emissao documental, que produzi e
realizei especialmente para esta ocasiao. Emissao na
qual, alias, alguns de voces participaram...

Neste sentido, convido-vos a sintonizar os vossos
aparelhos de radio para a Antena 2, amanha, a partir
das 18h15 ate' pouco depois das 21h, partilhando esta
homenagem amplamente merecida ao Prof. Christopher
Bochmann.

Cumprimentos cordiais, Pedro Amaral

11/26/2005

Parsifal na Antena 2

Hoje às 18h, depois do programa do Luís Caetano, a Antena 2 retransmite uma das representações do último Festival de Bayreuth: o Parsifal "de" Boulez.

Valerá a pena escutar Michelle de Young no papel de Kundry.

11/25/2005

Prenúncio de um Centenário

Hoje, está a ser a vez de Lopes-Graça.

Alinhamento: concerto da camera (pelo Rostropovich), a terceira e a quarta sonatas (pelo António Rosado), as trovas e as quadras populares (pela Dulce Cabrita, com o compositor ao piano), segundo quarteto de cordas (pelo Quarteto da Oficina Musical: Carlos Fontes, José Manuel Costa Santos, José Luís Duarte e Gisela Neves), alguns dos prelúdios (pelo Miguel Henriques) e a sinfonia e a suite rústica para orquestra (pela Orquestra Sinfónica Nacional Húngara sob a batuta de Tamás Pal).

Só espero não ter de ouvir nos próximos meses ninguém que ponha em causa a impressionante qualidade artística da sua obra, porque, à falta de espada, não me vou conter e vou ser malcriada.

Qué grandísimo compositor.

11/24/2005

Mais estrelas para o sistema

Depois de escrever o anterior post, fui ver o Ideias Soltas, e, ali, o Carlos lembrou-me uma outra opção: esta.

O star system dos pequeninos

O pianista Domingos António caiu do firmamento no ano passado, suscitando elogios estratosféricos pelo talento, técnica e determinação. Agora que um primeiro disco seu sai numa grande editora, os amigos e admiradores cumpriram a missão: revelar um «génio».

A prosa não é minha. Foi retirada, com a vénia, da Visão online. Tenho encontrado expressões similares em diversas publicações periódicas (da Máxima ao Público, passando pelos sites da RTP e da Sapo). Seria fácil - divertido, até - estripar a retórica do coitadinho-génio que tem prevalecido, pelos vistos com sucesso, na maior parte dos textos publicados sobre ele. Obviamente, os meus instintos agressivos dirigem-se apenas às palavras: a pessoa Domingos António merece-me o maior respeito.

O Henrique escreveu sobre o assunto no passado dia 15. Não vou desenvolver as questões que ele levanta, todas elas relativas à recepção crítica que o mencionado pianista tem tido. Talvez, porque foi o que notei aquando da primeira apresentação pública do pianista em Lisboa, caberia reflectir, não apenas sobre o silêncio dos críticos profissionais, mas, também, acerca da autoridade técnica e artística que então foi conferida a pessoas como Duarte Lima, António Cartaxo e António Victorino de Almeida e da permeabilidade com que os media e as "forças vivas" do país a saudaram. Eles é que foram os primeiros apoiantes da causa em prol do pianista.

Porém, o que este post pretende é principalmente chamar a atenção para a campanha de marketing que tem promovido o lançamento do CD "Quadros de várias exposições", inaudita no mundo da clássica portuguesa. Depois do elogio, vou a aproveitar para oferecer os meus serviços de assessoria dando um conselho: para a próxima, escolham um músico profissional português um bocadinho mais consistente. Se calhar, até conseguem incentivar a criação de um "star system" local. Seria bem-vindo.

(É que, depois de ter escutado ontem na FNAC alguns fragmentos dos "Quadros de várias exposições", hoje tenho dedicado parte do meu tempo à audição do duplo CD com a integral da obra para piano de Jorge Peixinho, gravada recentemente por Miguel Borges Coelho. Espero não ser mal interpretada: não estou a compará-los. De facto, como se dice en castellano, no hay color.)

11/22/2005

A distribuição do manancial e os seus problemas

No Hauptwege und Nebenwege o César de Oliveira leu, duas semanas atrás (post 374 - a caça aos coelhos 2), a arrière-pensée do meu anterior post. Cito, com a devida vénia:

começo por dizer que discordo (devia ter dito logo) deste tipo de iniciativas. ninguém tem a mínima legitimidade (ou pelo menos, nenhuma instituição pública tem) para seleccionar meia dúzia de nomes e dizer "isto é portugal, tomai e comei todos". qualquer selecção será arbitrária, injusta, e insuficiente. os criadores devem competir em igualdade de circunstâncias num mercado livre, aberto e global e aguardar a reacção do público. do grande público, do público alternativo, do português ou estrangeiro. sem interferência estatal ou pública. isto é mais honesto.

Editora musical = política cultural?

Na semana passada, estive em Coimbra para participar num colóquio. Tive a oportunidade de comentar com algumas pessoas amigas a performance no Teatro Académico Gil Vicente do, salvo erro, ainda futuro director do Instituto das Artes, Jorge Vaz de Carvalho. Depois, vi que, na net, estão ainda disponíveis alguns ecos jornalísticos da sua prestação, por exemplo, aqui.

Vaz de Carvalho defendeu uma espécie de discriminação positiva para a música, materializada, entre outras medidas, na edição de partituras de obras de compositores portugueses (citando o DN: A prioridade será a música "Um dos meus primeiros objectivos é lançar uma colecção de todo o manancial de criações de compositores portugueses que não estão disponíveis.).

A ideia do Estado - um Estado qualquer - se responsabilizar pela edição de partituras dos compositores nacionais - de uma nação qualquer - faz-me confusão. Será que os compositores escrevem para serem protegidos pelo Estado, para se tornarem património? A expressão "todo o manancial de criações" é assustadora, porque revela uma total ausência de limites na própria concepção da tarefa. Que política evidencia? Quais os critérios?

Em Coimbra, falei da Condessa de Proença-a-Velha, dama da sociedade lisboeta que manteve um salão musical na mudança do século, pela qual me tenho interessado nos últimos meses. O que fez a Condessa foi gastar o seu próprio património na publicação - em volumes de excelente qualidade - das obras da sua autoria: isso, porém, não evitou que a sua música fosse completamente votada ao esquecimento.

Acho que, um dia destes, vou voltar a falar sobre ela neste blog. O seu é um exemplo edificante.

Karlheinz Stockhausen

O depois vai longo.

Assim, muito rápido.

Um lugar comum: igualar Stockhausen a Boulez. Diria que, em termos criativos, não são verdadeiramente comparáveis (estou a favor do Stockhausen, claro, por mucho que me irrite). E, já agora, onde pára John Cage?

O homem diz que veio de Sírius e andou a dizer barbaridades após o 11-S. Há quem não o compreenda: deixou de haver lugar para a excentricidade neste mundo...

Mas ter à nossa frente um pedaço da história da música do século XX também impressiona (embora isso não implique necessariamente o acordo com todas as maneiras como essa história tem vindo a ser escrita).

Andsnes + Pappano + Berliner Philharmoniker

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Eis alguns excertos da crítica, para quem ainda não o tenha escutado.

11/21/2005

Sólo quiero lo mejor para ti

Eis a resposta de Carlos Bermejo, compositor madrileno, publicada nas Cartas ao Director de EL PAÍS:

El hecho de denominar Mesías a una persona que como Schönberg fue perseguido por los nazis por, entre otras cosas, ser de origen judío, me parece de un gusto, cuanto menos, torpe.

Ya sólo por esta razón sería fácil refutar el extraño artículo de Félix de Azúa del pasado 10 de noviembre. Pero como además es ya tradición en muchos intelectuales españoles hacer de sus manías personales axiomas irrefutables, creo necesario aclarar lo siguiente:

De Azúa dice: "A Schönberg se le están muriendo los suscriptores". Si se refiere a aquellos que con tanto entusiasmo apoyaron personalmente su compromiso, le diré que en realidad ya murieron, pero, lo que son las cosas, casi 100 años después del comienzo del periodo atonal de Schönberg, aún seguimos hablando de él. Por desgracia, no veré cómo dentro de 100 años nuestros descendientes debatirán sobre la obra de Félix de Azúa (sin duda con la misma intensidad...), pero, mientras tanto, querría decir que don Félix ha tenido mucha suerte al asistir a los conciertos del IRCAM o Darmstadt (me imagino que si los nombra es porque ha estado alguna vez) y no tener nunca problemas de entrada. Yo, sin embargo, tanto en los mencionados como en los festivales de Witten, Stuttgart, Donaueschingen, Múnich, Salzburgo... y en Madrid (aunque parezca mentira), he tenido que soportar salas repletas y en más de una ocasión me he quedado sin entradas.

Aunque a De Azúa y a otros les pese, existe un público para Schönberg y para más compositores que no nacieron necesariamente hace más de 100 años. Éste es un público, al contrario que De Azúa, que no tiene problemas en disfrutar tanto con Schönberg como con Stravinsky, porque sabe que los dos son parte de la rica historia de la música, y además considera que la exclusión es ante todo ignorancia. Minoritario, pues sí, pero no inexistente. Por otra parte, la minoría de algo siempre se establece al comparar al menos dos cantidades, por lo que, afortunadamente, siempre tenemos la posibilidad de sentirnos minoría en alguna cosa (lo contrario sería un auténtico fascismo), por lo que todo y todos padeceremos en algún momento ese moderno auto de fe al que nos somete continuamente la "mayoría".

A estas alturas, por tanto, ni los oídos reaccionarios de Taruskin o Adorno ni nadie nos va a decir qué es lo que debemos escuchar (el mismo De Azúa cae en su propia trampa). Lo que sí debo decir es que el capcioso y arbitrario artículo al que me refiero me ha despertado las ganas de leer al completo el dichoso Estatuto, y, si puedo, lo haré en catalán.

11/16/2005

Sólo quiero lo mejor para ti

El siguiente texto es de la autoría del escritor Félix de Azua, salio el viernes pasado en El País. No debe de ser muy legal reproducirlo así "a la pata la llana", pero, mientras no me llamen la atención, creo - como verán - que merece la pena compartirlo con los visitantes de este blog.

Aquí va:

Uno de los más respetados musicólogos vivos, Richard Taruskin, autor de una historia de la música occidental en seis volúmenes que incluye un elegante capítulo sobre rock (Oxford), tuvo una iluminación en ocasión de uno de sus viajes a Moscú. La orquesta del Conservatorio interpretaba la Séptima sinfonía de Shostakovich cuando Taruskin acertó a ver en la expresión de los oyentes una apasionada emoción que rara vez había observado en los conciertos de música moderna. Como Pablo de Tarso en su camino hacia Damasco, cuenta el crítico que vio con cegadora claridad que se había equivocado totalmente. No sólo él, lo que habría carecido de importancia, sino el conjunto de la musicología occidental. Se percató de que la teoría, la historia y la crítica sobre la música del siglo XX había cometido un error monumental. La música que sobreviviría, la que seguiría oyéndose cien años más tarde, sería la de Shostakovich, no la de Schoenberg.

Una afirmación como la anterior todavía suena escandalosa o estúpida para buena parte de los críticos, teóricos e historiadores de la música. Y en España, más. Para aquellos que sean totalmente sordos a la música clásica les diré que equivale a afirmar que Hitchcock soportará mejor que Eisenstein el paso del tiempo, o que Spielberg es más importante que Tarkovsky. Lo cierto es que Shostakovich está cada vez más presente en la vida musical, en tanto que Schoenberg se mantiene donde siempre estuvo, con la exigua minoría de expertos. Y se le están muriendo los subscriptores.

La paradoja sobre el valor de las obras de arte es que éste parece no depender del público, pero, ¿es en verdad posible que una obra de arte sea extraordinariamente valiosa, aunque nadie o muy poca gente quiera oírla, verla o leerla? Quienes afirman, por ejemplo, que la música de Schoenberg es fundamental y en cambio otra más popular como la de Stravinsky, es trivial o incluso "mala" (así lo afirma Theodor W. Adorno, modelo de los defensores de Schoenberg), ¿no están diciendo, en realidad, otra cosa?

Según esta posición, la importancia de Schoenberg, de Webern, del serialismo, del dodecafonismo, de las secuelas de Darmstadt, del IRCAM o de otros centros de producción experimental, es independiente de que haya alguien que quiera oír sus productos. El Arte vive para sí mismo. Quienes deciden sobre su valor (dicen) son los expertos, los profesionales. El público no puede decidir el valor de la obra de arte, porque entonces sería más valioso un musical de Broadway que una ópera de Schoenberg.

Esta inacabable disputa es inútil. Juzgue lo que quiera el experto, en el caso de la música (como en el del teatro) quien decide es el público porque la música es un espectáculo. De modo que Gershwin, Britten, Prokofiev o Janacek seguirán sonando en las salas de concierto, pero Schoenberg (utilizo su nombre como metáfora) cada vez menos. Quizás esto sea lamentable, pero también es inevitable. La dificultad que plantea Schoenberg es de un orden totalmente distinto a la que plantean compositores exigentes y sin embargo accesibles como Bartók.

Es justamente esa dificultad lo que permite que el valor de la música de Schoenberg no lo decida el público de los conciertos, sino el teórico y el historiador que creen que la historia de la música tiene un sentido trascendental. Si la historia de la música tiene ese sentido, entonces Schoenberg es la consecuencia de una cadena causal que desde Wagner viene anunciando la llegada del Mesías (Schoenberg). El valor de esa música tan escasamente popular es un valor histórico, filosófico y (sobre todo) religioso, más que musical. Por "religioso" me refiero a la creencia o la fe en que los procesos artísticos, sociales, económicos, en fin, los relatos históricos, tienen un sentido y sólo uno, a diferencia de las novelas. Por ejemplo, que la historia del Arte muestra el proceso de autoconciencia de las artes, que la historia de Francia es la de la Libertad de su Pueblo, que la sociedad capitalista ha entrado en su fase terminal, y cosas semejantes. Quien así piensa, está obligado a tener a Schoenberg por un músico más importante que Stravinsky.

Cuando la importancia de un hecho, suceso, objeto o caso no la determinan aquellos que lo financian y sufren las consecuencias, sino los expertos, los historiadores y los teóricos metafísicos, entonces estamos en un medio ajeno a la democracia y típico de la tradición autoritaria europea. Que la gente disfrute con Tchaikovsky y se aburra con Schoenberg puede ser lamentable, pero que para salvarles de su error se les condene a oír al vienés a todas horas, es despótico. En general, eso no sucede porque los conciertos se pagan, pero allí donde el contribuyente carece de poder de compra, sucede con harta frecuencia.

Compárese con lo que está sucediendo en la surrealista gestación del Estatuto catalán. Los expertos, los historiadores, los teóricos y los profesionales catalanes han decidido que "históricamente" (sea esto lo que sea) Cataluña tiene más derecho que Murcia a cualquier cosa, que la nación catalana posee una existencia de orden metafísico previa a sus habitantes, y que en la jerarquía de las naciones Cataluña sólo es comparable a Francia y superior a España. Cataluña es un pedazo de Schoenberg fundado en razones trascendentales. De momento, el público español ha desertado las salas de conciertos donde suena el Estatuto y son los expertos quienes se ven obligados a hacer publicidad para que la gente se entusiasme, o a condimentar encuestas carísimas que confirmen lo acertados que estaban y el éxito loco de estos conciertos a teatro vacío. Su alternativa es tocar sólo para adictos a Schoenberg.

La iluminación de Taruskin, hombre formado en la filosofía europea del siglo XX, filosofía impregnada de historicismo hegeliano y mesianismo marxista, es tan sencilla como esto: el descubrimiento de la democracia. La palabra "democracia", como lo prueba la dudosa moralidad de quienes la usan sin descanso para justificar sus deshonestidades, está cargada de instancias éticas. Parece como si lo democrático fuera lo moralmente bueno, cuando en realidad lo democrático es simplemente el conjunto de mecanismos que se despliegan de un modo casi inevitable para el control y la dominación de sociedades masivas con enormes potenciales energéticos y económicos. La democracia es tan sólo una técnica social eficaz para mantener el orden en un medio cuyo estallido sería funesto. Este mecanismo puede utilizarse bien o mal, pero no es un estado de gracia. Los políticos novatos utilizan la palabra como los católicos usan la palabra "devoción", y se acusan unos a otros de no ser democráticos... ¡como si fuera posible no serlo! Sin embargo, "demócrata" equivale a: "concernido por el mercado". El político demócrata es aquel que se ofrece en un mercado donde hay competidores. Nada más.

Para Taruskin siempre fue cosa evidente que las novedades de la música dodecafónica eran técnicamente interesantes. También, que Schoenberg creía que su nuevo método llenaría salas de conciertos en lugar de vaciarlas. Pero a diferencia de la música de su discípulo Alban Berg, el público no ha aceptado la del maestro. De un modo creciente, la programación de obras de Schoenberg (no todas: insisto en que utilizo al pobre vienés como metáfora) se ha ido haciendo por respeto a la historia, por su interés técnico, por la fascinación que ejerce sobre los expertos, pero no porque el público lo reclame a gritos y agote las localidades. De ahí también que en la historia de la música de Taruskin aparezca un capítulo sobre el rock, como en la historia de la literatura francesa de Kléber Haedens apareció Simenon un buen día, para escándalo y horror de los académicos.

Lo democrático no es, por sí mismo, "bueno" sino "eficaz". Los deportes de masas, el turismo industrial, las grandes superficies como lugares de entretenimiento y consumo, o el arte actual, son fenómenos democráticos, espectáculos masivos, movimientos de millones de personas con colosales poderes económicos y escasa libertad. Se parece bastante al nazismo, con una diferencia esencial: los políticos democráticos procuran programar aquellos conciertos que les gustan a las masas, en lugar de adoctrinarlas con conciertos que las agobian y agreden. Pero en algunos lugares, los profesionales de la vieja política, los viejos historiadores, los teóricos y expertos de la escuela trascendental o nacionalista, siguen actuando como sacerdotes cuya obligación es conducir al Pueblo hasta el Valle de Josafat y enseñarle a comportarse debidamente. A los pobrecitos habitantes de esos lugares los machacan con una política eclesiástica, de formación al espíritu nacional, en línea con la militancia sacerdotal que destruyó a Europa en los últimos dos siglos. Felizmente, al cabo de unos años los ciudadanos acudirán al mercado para comprar el político que más les apetezca. Ya veremos si es Schoenberg.

11/15/2005

Karlheinz Stockhausen

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Fica para depois.

Roberto Sierra

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¿Y por qué no Roberto Sierra?

Alumno de Ligeti, lo conocí precisamente por eso. Le invité hace tres años a participar en unas jornadas en homenaje al compositor húngaro organizadas en mi Universidad. Vino desde Ithaca -él es profesor en la Cornell University - y nos habló de su música, de su visión del mundo y, cómo no, de la relación con su maestro.

El viernes pasado fui a Valladolid para saludarlo, aprovechando que había vuelto a España para asistir a un concierto de la Orquesta Sinfónica de Castilla y León en el que el guitarrista Manuel Barrueco tocó sus Folias (2000).

Seguramente, alguien habrá a quien le parezca mal que su música sea comprensible. Yo, por mi parte, me quedo con la imaginación, la belleza, la ironía y con la alegría de vivir que revela. Y también con su esfuerzo por explorar, desde los Estados Unidos, sus raíces culturales a través de la creación. Que este esfuerzo no es tan inocuo como podría parecer queda claro cuando leemos las airadas reacciones que en España han provocado algunas de sus obras más "españolas", tales como los Fandangos para orquesta...

Bye bye Público

Fiquei entusiasmada quando, em Outubro de 1999, a Cristina Fernandes me telefonou para propor uma colaboração regular com o jornal Público. Desculpem a sinceridade (talvez deveria armar-me em profissional imperturbável e não confessar assim os meus entusiasmos neste blog...), mas acontece que o jornalismo tinha sido até então para mim uma espécie de aspiração privada (e também bastante romantizada).

Lembro-me com detalhe da minha primeira reunião com a Cristina e com a Alexandra Lucas Coelho (editora da secção de Cultura nessa altura) e o Alexandre Delgado (cuja ausência da crítica em Portugal é sentida com saudade por todos). E também lembro a minha primeira crítica, sobre um concerto de Marcel Pérès incluído nas saudosas Jornadas de Música Antiga da Gulbenkian, ao qual assisti com o também muito saudoso Orlando Pantera, entretanto falecido.


Foram seis anos óptimos, que me deram prazer e que agora deixo atrás sem lamentos. E com uma estranha e surpreendente sensação de liberdade recuperada.

11/04/2005

Desde España 2

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A propósito do recentemente inaugurado Palau de les Arts, em Valencia (projecto de Santiago Calatrava, na foto). Uma e duas opiniões optimistas e uma opinião... realista?

A sua intendente, Helga Schmidt, disse isto em entrevista a EL PAÍS:

R. Este año tenemos 12 millones. Para la temporada regular inicial de 2006-2007 aún lo tiene que aprobar el patronato. Evidentemente, necesitamos la contribución del Ministerio de Cultura. Esperamos una cifra similar a la del Liceo [la pasada temporada su presupuesto fue de 55 millones, el 37% aportado por el ministerio] o a la del Teatro Real [44 millones, el 70%]. Tenemos que crear público, ofrecemos el programa educativo y la orquesta que puede llevar la bandera valenciana y española al extranjero. Con la orquesta sin formar aún, sólo con el nombre de Lorin Maazel, nos han invitado para hacer una gira en América. La orquesta puede ser la embajadora de España en el mundo.

Isto:

R. La base de un teatro de ópera es la orquesta. Mi condición sine qua non era formar una orquesta de alta calidad y compartirla con otros teatros internacionales. España tiene una gran cultura de literatura, pintura, música (hay fantásticos compositores contemporáneos), pero no una gran orquesta internacional. Hay muchas orquestas que tocan muy bien, pero no hay una de gran renombre internacional. El Teatro Real tiene al maestro López Cobos, es un director internacional que nosotros queríamos como director musical del Palau. Pero pasaba el tiempo y no abríamos...

E isto:

R. Tengo un programa de ópera popular, otro de ópera más sofisticada y, raramente, de muy sofisticada. Me gusta mucho la música del siglo XX, pero también Mozart, Puccini o la música barroca. Me atrae la idea de ciclos temáticos. Poner a un compositor de una época, un país, e informar dos o tres semanas sobre el periodo histórico a través de la música, de lecturas, de exposiciones. En el Palau esto se puede hacer. La primera temporada vendrán Mehta, Barenboim y López Cobos con Plácido Domingo, que harán un espectáculo español. Se celebrará el concurso Operalia. Habrá repertorio valenciano con Martín y Soler, además de La Bohème, de Puccini, y un Don Giovanni que dirigirá Maazel. E insisto: se pondrá en marcha la academia, que formará a artistas y técnicos para crear una infraestructura valenciana.

Desde España 1

Uma conversa com Calixto Bieito, publicada em La Razón. Descontraída, mas com respostas pertinentes a algumas perguntas impertinentes. O pretexto é a encenação de Wozzeck para o Liceu.

En Ópera Actual, entrevistas a Carlos Mena, Darina Takova y Roberto Alagna (a deste este últimopor causa do CD que vai gravar dedicado a Luis Mariano: a tomar muito seriamente em muito alta consideração).

11/02/2005

I need a hero

«Queremos um grande profissional, com exigência conceptual. Uma espécie de José Mourinho que não vai aceitar qualquer proposta de trabalho. Tem que se uma pessoa que assuma responsabilidades e que se não cumprir os objectivos é despedida»

Lido aqui.

Sandra Medeiros como Serpina

Recebi agora por mail o anúncio da próxima montagem de "La Serva Padrona" no Centro Cultural Olga Cadaval (Auditório Acábio Barreiros). Eu estarei sentadinha a comer uma sandes num avião da TAP no momento em que a maravilhosa Sandra Medeiros estará a cantar em Sintra o papel de Serpina. Não se pode ter tudo na vida.

La Serva Padrona Ópera Buffa (Ópera Cómica)

12 de Novembro 16H00 Auditório Acácio Barreiros

La Serva Padrona [Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística, Curso de Encenação de Ópera] – Um Espectáculo ArtemRede

La Serva Padrona, de Giambattista Pergolesi, é uma das obras mais populares do repertório operático de todos os tempos e é também uma das mais influentes, uma vez que serviu de modelo a Jean-Jacques Rousseau na sua polémica contra a ópera lírica francesa (Querelle des Bouffons, 1720).

Ficha Artística e Técnica: Encenação - Carla Lopes; Direcção musical - João Paulo Santos; Luz - Clemente Cuba em colaboração com Carla Lopes; Direcção de cena - Otelo Lapa; Interpretação - Sandra Medeiros (soprano), Jorge Martins (barítono), Carlos Alves e João Lucena e Vale (pianista); Figurinos e cenografia - Cristiana Lopes; Guarda-roupa - Maria Gonzaga; Produção - Fundação Calouste Gulbenkian; Colaboração: Teatro Nacional de S. Carlos.

A música da época do terramoto

Um óptimo concerto, esta noite, na fantástica Igreja de São Domingos, em Lisboa. Com este programa. Foi retransmitido pela Antena 2.

À frente da Orquestra Metropolitana de Lisboa, Jorge Matta. Um maestro que é musicólogo e que consegue reunir e transmitir o mais positivo de ambas as tarefas. E transmitir também o entusiasmo aos músicos e ao público.

Na quarta, o programa é repetido no Centro Cultural do Cartaxo às 21h30. Vale a pena ir pelo menos por duas razões: para descobrir a música que Jorge Matta fez reviver e também para escutar a soprano Sandra Medeiros.

Otello 3

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Otello 2

DESDEMONA
O, falsely, falsely murder'd!
EMILIA
Alas, what cry is that?
OTHELLO
That! what?
EMILIA
Out, and alas! that was my lady's voice.
Help! help, ho! help! O lady, speak again!
Sweet Desdemona! O sweet mistress, speak!
DESDEMONA
A guiltless death I die.
EMILIA
O, who hath done this deed?
DESDEMONA

Nobody; I myself. Farewell

Commend me to my kind lord: O, farewell!

Otello 1

Um cenário despido, cantores vestidos com calças de ganga, uma iluminação trabalhada... teria bastado isso.

Quando falei com ele, fiquei com a impressão de que Nicolas Joel menospreza Verdi. Confirmei-o na entrevista que também deu ao DN. Pois é. Para ele, Verdi é um provinciano.

Otello assassina o bem, a possibilidade do bem, não mata apenas à sua esposa. A ópera é ele. O drama é a sua destruição. Ou melhor, a sua corrupção, a sua queda no abraço do mal absoluto.