5/29/2007

Mais sobre Lang Lang

Por meu turno, depois de ler este comentário no blog do Carlos, apeteceu-me acrescentar algumas coisitas ao meu penúltimo post.

Fui ao concerto com algum receio: a agressiva estratégia de marketing que tem estado atrás do pianista pelo menos desde os seus 18 anos e, mais específicamente, a desenvolvida pela sua discográfica, a DG, inspirada na pop music e dirigida, também, ao mercado asiático, não vai muito comigo. De facto, é a típica coisa - sou por vezes um bocadinho snob - que faz disparar uma boa parte do meu arsenal de preconceitos.

Aliás, o que conta o Henrique aconteceu, só que, pelos vistos, eu estava, por assim dizer, in a sentimental mood ou, sem procurar explicações, simplesmente não me importei minimamente. A diversão é uma das marcas da cultura do nosso tempo, tal como a mistura de nobreza e vulgaridade e a incapacidade de seguir uma ideia (musical) durante mais de, digamos, 5 segundos... Aceitando que seja isto o que Lang Lang faz, poderia ser entendido, até, como uma forma de estar no presente.

O que não sei é se Lang Lang conseguirá libertar-se da pressão da DG, que agora parece andar com duas manias: explorar jovens talentos (ouça-se como exemplo o acontecido com Elina Garança, no seu CD de lançamento na etiqueta) e remexer na arca à procura de "figurões" para reeditar (ultimamente, tem sido este o caso, com CDs de Horowitz, Kissin ou Foldes, entre outros). Ou seja, não tenho, obviamente, a certeza de que Lang Lang vá encontrar uma "voz" pessoal, duradoira no tempo e que não precise de se impor de forma tão insistente. O pianista faz, no próximo 14 de Junho, 25 anos...

Também o mencionado Horowitz foi acusado, sobretudo no início da sua carreira, de maneirista, efectista e piroso. Dizem que ele dizia: "There are three kinds of pianists: Jewish pianists, homosexual pianists, and bad pianists". O tempo dirá qual é a categoria a que Lang Lang pertence. No caso dele, se calhar vale a pena esperar.

Isto ficou demasiado longo e, no fundo, não percebo muito bem a razão.

Por acaso, tenho o último CD do Lang Lang à minha frente. Vou escutá-lo nestes dias. Logo - se entretanto não ficar entretida com outro assunto, que é o mais certo - digo alguma coisa.