1/16/2005

O fim da era das discográficas

Ontem, o jornal PÚBLICO fez-se eco das queixas da Plataforma para a Música, segundo a qual o mercado discográfico português poderá ter caído um 20% em 2004. A “realidade” é mais ou menos assim, também para a curtíssima franja ocupada pela música clássica, que é um produto marginal (uma espécie de "música portuguesa") no mercado global da música.

Recomendo, a este respeito, a leitura de uma das últimas colunas semanais do quase sempre lúcido e sempre pertinente Norman Lebrecht, o qual, como se verá, também não gosta da Renée Fleming. O crítico está a oficiar há já alguns anos o requiem pela indústria discográfica.

Destaco a referência às etiquetas associadas aos próprios intérpretes, nomeadamente orquestras, porque, pela mão da ONP, tem sido uma das novidades interessantes do recente panorama discográfico português e, ainda, o êxito da Naxos, onde tem gravado Álvaro Cassuto.

Não fala de soluções: por exemplo, há editoras como a Zig-Zag Territoires, onde grava Pedro Carneiro, ou a Alpha (distribuídas em Portugal pela VGM) que estão a desenvolver estratégias comerciais e artísticas, por assim dizer, mais "artesanais", com notável sucesso. Outro caso de etiqueta independente que se deve ter muito em conta é a Linn Records, onde grava Artur Pizarro. Mas isto é um detalhe (do qual me lembrei agora por causa de Pedro Carneiro e de Artur Pizarro e pelo sucesso que a Alpha tem em Portugal) que, julgo eu, não invalida a leitura de Lebrecht relativamente às grandes editoras.