No passado dia 4, o diário electrónico Mundo Clásico noticiou que os compositores espanhóis tinham mostrado a sua preocupação pela inexistente procura, no seu país, de nova música. Da sua autoria, entende-se...
Num momento dado, durante a reunião na qual foram discutidas diversas questões relativas à composição contemporânea em Espanha, o compositor Mauricio Sotelo afirmou o seguinte: "Los compositores en España no pueden trabajar", porque – seguindo Mundo Clásico – “España es el único país de su entorno que no dispone de un departamento de enseñanza de música contemporánea en las universidades”. Ao qual Sotelo adicionou: isto é "algo en lo que ya nos han tomado la delantera hasta en Portugal".
O artigo inteiro dava, como se diz, “pano para mangas”, e espero voltar a ele futuramente, mas não resisto a fazer, já, algumas observações. Acontece que foram os próprios conservatórios superiores de música espanhóis os que, na década de 70, se recusaram a serem encuadrados no ensino superior (ao contrário, por exemplo, das escolas de artes, que serviram de base para as actuais facultades de Belas Artes). Essa é uma das razões pelas que compositores como o próprio Mauricio Sotelo, depois de ter feito o considerável esforço de sair de Espanha à procura de uma formação que lhe era aí negada, ao seu regresso, se encontraram com as portas fechadas para desenvolver a via do ensino, importantíssima para uma boa parte dos compositores contemporâneos.
Parece que o processo de Bolonha está a provocar uma revolução nos conservatórios superiores espanhóis. Decidiram, finalmente, que também querem fazer parte do ensino superior, tal como as universidades. Agora, um número considerable das vagas de professor estão ocupados pelos que, ao contrário de Mauricio Sotelo, não saíram de Espanha para completar os seus estudos. A sua reconversão em Profesores Doutores vai ser um espectáculo a não perder.