2/02/2005

Também o futuro da ópera passa pela net

A última montagem do Teatro Liceu, do Parsifal, tem como protagonista o tenor Plácido Domingo. Por este motivo é entrevistado esta semana em El Cultural, onde comenta questões relacionadas com o seu trabalho. É agradável, não apenas a cordialidade que transparece em todas as suas aparições, mas também a visão ampla e descontraída que tem da sua actividade profissional. Não é muito habitual encontrar alguém que concilie, e menos ainda com essa naturalidade, talento artístico e capacidade de gestão, o erudito e o popular, o canto e a batuta...

Na entrevista, Domingo lembra que, num futuro não demasiadamente longínquo, a difusão da ópera será feita através da rede. Imaginem, será também possível fazer a correspondente crítica online e em tempo real: só vantagens... Deixando de lado a piada, essa é já uma realidade, embora ainda em fase experimental. Referi, por exemplo, há dias o projecto Opera Oberta, assinado pelo Teatro Liceu com várias dezenas de Universidades espanholas e iberoamericanas, e também com a Universidade do Minho. A importância técnica do projecto, no qual estão obviamente envolvidos outros parceiros, vai para além do facto de estarmos a falar de ópera. A qualidade da imagem e do som que chega às salas onde se visiona, em directo, cada representação é excelente.

Os avanços das novas tecnologias já chegaram, inclusive, às notas à margem. Há dois foi apresentado o «concert companion», um PDA especialmente dedicado ao comentário de obras musicais eruditas. Houve quem o achasse uma forma de chamar novos públicos às salas de concerto. No ano passado, a Filarmónica de Nova Iorque testou o aparelho (pode ser interessante conhecer a opinião do autor dos textos explicativos, Greg Sandow). Mas o certo é que desde essa altura, que é quando eu própria fiquei a saber da sua existência, não se tem falado muito mais no assunto. Talvez, pelas evidentes razões invocadas pelos seus críticos.